Apesar de Santa Catarina ter o dobro de cachorros em relação à população de crianças – segundo o IBGE são 2,4 milhões de cães e 1,2 milhão de pessoas de 1 a 14 anos – ainda é difícil para quem tem pet alugar um imóvel na Capital. Muitos donos impõem restrições à presença de animais de estimação e até de crianças. Embora a questão judicialmente abra espaço para interpretações, o que se sabe é que as limitações dificultam, e muito, o negócio.

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A estudante Talita Fresson, de 22 anos, se mudou para Florianópolis em abril e demorou cerca de um mês para encontrar um apartamento para alugar no Norte da Ilha. O motivo? A presença da cadelinha Mallu:

– A principal dificuldade foi essa. Estava tudo certo e quando tocava no assunto, barravam – diz.

Entenda o que diz a lei sobre a restrições em imóveis alugados

Ao ver que não estava sozinha na busca de um lar que aceitasse animais de estimação, Talita criou um grupo na rede social para os interessados em alugar e anunciar imóveis que aceitem crianças e pets.

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A estudante ficou espantada com o número de pessoas que enfrentava o mesmo problema que ela: o grupo já tem 700 participantes.

Donos de imóveis têm outra visão

Taciara Dal Castel é proprietária de cinco imóveis no Rio Vermelho, em Florianópolis. No anúncio, ela restringe a locação para maiores de 15 anos e sem animais. Ela afirma que antes não estabelecia restrições, porém teve problemas com crianças em acidentes em escadas e na piscina e por questão de segurança fez a regra. Já em relação aos pets, a falta de cuidado de inquilinos que deixavam os bichinhos sem comida e chorando, resultou na medida:

– Eu sei que é chato isso. Se eu quisesse alugar e não pudesse por causa da minha cachorra também não gostaria. Mas eles não procuram entender o nosso lado. Demora mais para conseguir alugar, mas fiz isso para não me incomodar – diz.

Essas restrições já foram mais comuns, diz Anaía Brognoli, responsável pela Brognoli Alugueis. Ela diz que hoje o mercado está mais adaptado aos novos hábitos:

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– O cliente está mudando e, consequentemente, o proprietário também muda. Quando algum proprietário diz que não quer alugar com criança, a gente diz que é impossível, porque hoje é um casal, mas amanhã pode ter um filho. Comercialmente não dá para trabalhar assim.

Lucas Madalosso, vice-presidente do Sindicato da Habitação (Secovi) de Florianópolis e Tubarão, diz que uma restrição comum e crescente é em relação a quantidade de pessoas que irão ocupar o imóvel, principalmente pelo tamanho do local. E ressalta que não há problema em estabelecer a exigência, desde que sem exageros.