A proposta de criação de 32 novas vagas de desembargador no Tribunal de Justiça de Santa Catarina, que foi aprovada na última quarta-feira pelo tribunal pleno do TJ-SC, divide opiniões entre os deputados catarinenses. O modelo de ampliação ainda será formalizado como projeto de lei e depois levado à votação na Assembleia Legislativa (Alesc), mas já levanta preocupações por parte de alguns parlamentares.

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Ouvidos pelo “Diário Catarinense”, ao menos cinco líderes das 11 bancadas partidárias manifestaram dúvidas quanto ao reflexo financeiro da medida em meio ao momento econômico do país — o TJ-SC calcula que o impacto será de R$ 9 milhões ao ano, entre despesas e adequações de gabinetes.

Aprovadas 32 novas vagas de desembargador no Tribunal de Justiça de SC

—Sou completamente contra e vou influenciar os demais parlamentares. O pleito pode até ser legítimo, mas o momento é delicado — reagiu Roberto Salum (PRB), o mais enérgico entre os contrários à proposta.

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Outros três líderes partidários reconheceram que precisam conhecer melhor o projeto antes de se manifestar. Por outro lado, a medida é vista com otimismo pelos deputados Serafim Venzon (PSDB), Patrício Destro (PSB) e Narcizo Parisotto (PSC). Serafim Venzon, inclusive, promete fazer valer a posição de presidente da Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público em apoio à tramitação do projeto.

Na condição de vice-líder da bancada do PT, o deputado Dirceu Dresch fez ressalvas que vão além do aspecto financeiro. O petista é contra o fechamento da Câmara Especial de Chapecó (as transformações no Judiciário devem acelerar o encerramento das atividades) e diz que não houve qualquer discussão envolvendo o repasse de parte do duodécimo da Alesc ao TJ-SC.

Em entrevista publicada na quinta-feira pelo DC, o desembargador João Henrique Blasi, coordenador-geral do núcleo de comunicação do TJ-SC, falou sobre entendimentos com a Alesc no sentido de reduzir o percentual do duodécimo da Assembleia e repassar 0,10% para o orçamento do Tribunal, o que amortizaria os novos custos.

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A reportagem procurou a Alesc para esclarecer a questão. Em resposta, via assessoria de imprensa, a Assembleia Legislativa informou que a proposta do Tribunal de Justiça ainda passará por discussão na casa e que medidas relacionadas ao projeto serão debatidas entre as bancadas, sem confirmar acordo quanto ao eventual repasse de parte do duodécimo.

Sindicato ainda estuda mudança

O Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário de SC (Sinjusc) ainda não se manifestou sobre a ampliação do quadro de desembargadores do Judiciário. Procurado pela reportagem nesta quinta-feira, o presidente da entidade, Laércio Raimundo Bianchi, informou que o departamento jurídico do sindicato estuda a situação e uma posição deve ser divulgada na segunda-feira.

—Analisamos o real impacto disso. Avaliaremos que repercussão isso tem em relação aos servidores e à folha de pagamento — concluiu.

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O Ministério Público em Santa Catarina também não levantou questionamentos à proposta do TJ-SC. Procurada pela reportagem, a assessoria de comunicação do MP-SC afirmou que as duas instituições têm demandas diferentes e que no momento não há planos de se ampliar os quadros no Ministério Público.

O QUE DIZEM AS LIDERANÇAS DA ALESC

PMDB – Valdir Cobalchini – “O momento não é o melhor para tratar disso, mas temos de esperar o projeto chegar na Alesc. As palavras do desembargador João Henrique Blasi (na reportagem) indicam uma situação colocada com critérios, que vai melhorar a relação de processos a serem julgados, e essa resposta a Justiça tem que dar. Mas não tenho totais condições de opinar”.

PSD – Ismael dos Santos – “Eu diria, à queima-roupa, que é justo, mas inoportuno. Ainda preciso discutir com a bancada. A necessidade impele para isso, mas a julgar pelo cenário nacional parece um momento inoportuno”.

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PT – Dirceu Dresch (vice-líder da bancada) – “Podemos discutir ampliação, mas não sei se é esse o número (R$ 9 milhões) nesse momento, para que não se corra riscos no futuro em relação a recursos. O momento talvez não seja o ideal. É importante manter a vara (Câmara Especial) de Chapecó, que presta um importante serviço. Esse comentário de repassar uma parte do duodécimo da Alesc para o Tribunal não teve debate, precisa ser discutido com os 40 deputados”.

PP – José Milton Scheffer – “Ainda não discutimos a questão no nosso bloco, não temos uma opinião formada sobre o assunto. Fomos pegos de surpresa com essa notícia. Precisamos analisar, ouvir o Tribunal para podermos nos posicionar”.

PSDB – Serafim Venzon – “Sou favorável sob dois pontos de vista: não vai significar aumento dos recursos enviados para o TJ-SC e, em segundo lugar, ainda vivemos insegurança jurídica por conta da morosidade de milhares de processos. Para melhorar isso, precisamos melhorar nosso quadro funcional. Somos favoráveis, mas precisamos ter a garantia do presidente do Tribunal de que não vamos onerar mais a sociedade”.

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PR – Maurício Eskudlark – “Ainda não tenho uma opinião formada, temos que ver o que vai implicar em aumento de custos, é um momento complicado da economia”.

PSB – Patrício Destro – “Imagino que, para tomarem essa decisão, fizeram um estudo. Se for para fazer a Justiça caminhar mais rapidamente, se há orçamento, se vai dar celeridade, então sou favorável”.

PCdoB – Cesar Valduga – A assessoria de imprensa do deputado informou que ele passou a estudar a proposta recentemente e deve buscar mais informações antes de definir uma posição sobre o caso.

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PDT – Rodrigo Minotto – “Não tenho posição formada, não tenho conhecimento do projeto ainda”.

PSC – Narcizo Parisotto – “Entendo como positiva a iniciativa, uma vez que o aumento de gastos está dentro do controle orçamentário do Tribunal e vai refletir na melhoria da prestação de serviço à comunidade que busca celeridade na solução de suas demandas”.

PRB – Roberto Salum – “Sou completamente contra e vou influenciar os demais parlamentares. O pleito pode até ser legítimo, mas o momento é delicado. O Estado não tem dinheiro, depois vão bater na porta da Alesc pedindo para aumentar o orçamento deles. Vou colocar obstáculos e, como deputado, vou convencer os outros 39 a votar contra”.

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Entenda a proposta de mudanças