Jaraguá do Sul é uma cidade em busca de leitores. Biblioteca, Feira do Livro, projetos escolares e de iniciativa particular unem-se para incentivar o hábito da leitura entre a população da cidade. Com números promissores de vendas de obras e empréstimos na Biblioteca Municipal, especialistas avaliam que a cidade está em um momento de formação de leitores.
Continua depois da publicidade
Na Biblioteca Pública Municipal Rui Barbosa, a coordenadora Dianne Katie Konell Chiodini conta que a média é de 2.500 empréstimos mensais, número elevado em comparação com médias nacionais (uma pesquisa feita em 2009 pela Fundação Getulio Vargas apontava que a média nacional de empréstimos era de 296). A média mensal de visitantes é de 5 mil pessoas e são 26.024 pessoas cadastradas e cerca de quatro novos cadastros por dia. Dianne conta que os bons números surgiram na biblioteca a partir de 2009, quando a entidade ganhou o novo espaço no Centro de Jaraguá.
– Pelo número de habitantes, ainda é pouco, mas acredito que as pessoas estejam lendo mais – analisa.
O escritor e produtor de eventos literários Carlos Henrique Schroeder tem a mesma opinião. Ele destaca que tanto a iniciativa privada quanto a pública realizam seus papéis de incentivadores culturais, por meio dos muitos projetos.
Continua depois da publicidade
– Acho que Jaraguá está no processo de ser uma cidade de leitores. A feira contribui, a biblioteca bem equipada no Centro da cidade também, vejo que as bibliotecárias das escolas se capacitam. É todo um sistema com iniciativas que se completam.
Projetos incentivam
Idealizador e coordenador-geral da Feira do Livro, que encerra sua oitava edição neste fim de semana, Carlos destaca o papel do evento na consolidação da leitura local. Só no ano passado, foram 61 mil livros vendidos para um público de quase 82 mil pessoas.
– Uma feira do livro faz algo incrível no imaginário. Queremos mostrar que a leitura está em todos os locais.
Continua depois da publicidade
Projetos isolados se unem e formam um amplo leque de opções para leitores. Na Biblioteca Pública, há o Projeto Biblioteca Convida, que oferta livros em uma casinha em frente ao Museu Emílio da Silva. O Leitura no Terminal oferta um estande com várias opções para os passageiros. O Casulo, ônibus-biblioteca que percorre bairros da cidade, é responsável por levar a leitura para locais distantes. Aos sábados, foi retomado o projeto de contação de histórias mensais.
Iniciativas privadas também auxiliam: o Asas da Imaginação, da Unimed, leva autores locais às escolas, incentivando tanto a escrita quanto a leitura. Cursos de escritores do Sesc e o antigo projeto de formação de leitores, que atuou de 2005 a 2010, também. Na sexta-feira, um novo projeto foi lançado. O Livro Solidário, iniciativa do Núcleo de Jovens Empreendedores da Associação Empresarial de Jaraguá do Sul, pretende reunir 5 mil livros até outubro, visando a enviá-los junto às cestas básicas distribuídas pela Prefeitura. O projeto conta com a doação da população. O ponto de coleta é o Jaraguá do Sul Park Shopping.
Maricleide, a leitora-modelo
Maricleide da Silva Claudino tem 23 anos de vida, 15 de leitura e um número incontável de obras lidas. A jovem nasceu no Paraná e viveu até os seis anos no Paraguai e encontrou na leitura uma forma de familiarizar-se novamente com o português, e acabou encontrando uma paixão.
Continua depois da publicidade
– Eu entendia muito mal o português, falava mal e escrevia mal. Uma professora indicou a leitura e não parei mais – conta ela.
Desde os 18 anos em Jaraguá, ela é presença assídua na Biblioteca Municipal. Entre os funcionários, seu nome e exemplo são lembrados. Ela também é responsável por significativas doações ao acervo municipal.
Maricleide lê de sete a oito livros por semana, “dependendo do número de páginas”, como explica. O tempo para tantas obras? O trabalho. Atendendo no caixa do estacionamento do Jaraguá do Sul Park Shopping, ela aproveita os momentos sem clientes para entrar no mundo de aventuras que aprecia. Em casa, dedica as horas aos mangás, que coleciona. O que tantas horas de dedicação aos livros lhe trouxeram?
Continua depois da publicidade
– Aprendi a falar melhor e a escrever. Lembro e uso palavras diferentes. Também ajuda a ter mais compreensão das coisas e das pessoas e até a ter mais paciência.