Propostas não faltam para qualificar e ampliar o sistema cicloviário de Florianópolis, o difícil é tirá-las do papel. No Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf), o programa Rotas Inteligentes, que define traçados seguros para pedalar nos principais trajetos da cidade existe desde 2003, mas, na prática, falta muito para a implantação da rede.
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:: Confira mapa cicloviário de Florianópolis
:: Veja o vídeo sobre a situação das ciclovias da Capital
Entre as principais metas está a sinalização adequada nas vias compartilhadas, o que se vê pouco na Capital. O programa do Ipuf prevê pelo menos 46 rotas com ciclovias, ciclofaixas, vias e calçadas compartilhadas e conexões com as regiões. Mas apenas duas rotas estão completamente executadas: a da Beira-Mar Continental e a que fica entre a Beira-Mar Norte e Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Uma das dificuldades começa no planejamento, apenas um técnico é responsável por pensar a malha cicloviária da cidade. Mesmo com o baixo investimento na área, o trabalho de planejamento ocorre com a participação da comunidade.
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O projeto de Ciclovia da Osni Ortiga, na Lagoa da Conceição, uma das rotas, foi proposta em um diálogo com os moradores da Lagoa da Conceição. A Secretaria de Obras abriu a licitação no primeiro semestre, deu a ordem de serviço mas a Fundação do Meio Ambiente (Fatma) só concedeu a licença ambiental em outubro. A promessa da secretaria é começar a obra nesta semana.
Para a coordenadora de projetos cicloviários do Ipuf, Vera Lúcia Gonçalves da Silva, a participação da população na luta por um sistema viário seguro é fundamental para o assunto ganhar importância na agenda de governo.
Ela observa que, mesmo com a força que o tema ganhou nos últimos anos, ainda há os cidadãos que resistem. Um exemplo foi o abaixo assinado com mais de 700 assinaturas que moradores e comerciantes entregaram a prefeitura para evitar a construção da ciclofaixa da Avenida Hercílio Luz no trecho onde havia o estacionamento em frente ao Clube 12 de Agosto. A manifestação não surtiu efeito, e a obra foi realizada.
Lei é desrespeitada
A arquiteta lembra que Florianópolis foi pioneira na criação de legislação específica para o sistema cicloviário e uso da bicicleta. Entre as determinações da lei complementar municipal 78/2001 consta que nas implantações ou reformulações do sistema rodoviário na cidade, deveria ser implantado ciclofaixas, ciclovias ou, pelo menos, faixas compartilhadas com sinalização.
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A lei é desrespeitada, a exemplo da criação da terceira faixa da SC-405, inaugurada no ano passado sem contemplar o sistema cicloviário. Após pressão dos moradores, o governo estadual prometeu construir uma ciclovia. A licitação foi aberta só em outubro e a obra está prevista para depois da temporada. A diferença é que o governo mudou o projeto de ciclovia, como solicitava a população, para ciclofaixa.
– A nossa cultura precisa ser construída. Se nas últimas eleições todos os candidatos a prefeito contaram com propostas cicloviárias em suas campanhas é porque a sociedade exige e se deu conta de que tem direito de escolher a forma que vai se deslocar – afirma Vera Lúcia.
Outro projeto da prefeitura bem aguardado é o Floribike, que cria o sistema de aluguéis de bicicletas para o centro da cidade. Três empresas foram credenciadas a participar da concorrência pública. Conforme Vera Lúcia, a licitação deve sair este ano.