Começa nesta terça-feira (10) um grupo de reflexão com homens agressores em Joinville. O programa é mais uma alternativa da Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso (DPCAMI) no enfrentamento à violência contra a mulher e é o primeiro do Estado a ser idealizado por uma unidade policial. O objetivo é promover reflexões sobre as condutas violentas dispensadas às companheiras.
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O grupo começou a ser planejado no primeiro semestre deste ano. Inicialmente, os homens eram encaminhados após as companheiras procurarem a DPCAMI para denunciar. Agora, os homens são encaminhados por meio de ordem judicial em decisões de medidas protetivas expedidas pelo juiz responsável, tornando obrigatória a participação no programa.
— O descumprimento pode imputar na prática de um crime que é previsto no artigo 24 A da Lei Maria da Penha — explica a psicóloga policial Márcia Santos, idealizadora do grupo.
A Lei Maria da Penha prevê a criação de centros de educação e de reabilitação para agressores. Em Joinville, o grupo surgiu em uma iniciativa da delegacia especializada, como mais uma alternativa no enfrentamento à violência com a mulher. O primeiro grupo joinvilense deve contar com a participação de 11 homens, que já foram intimados, em um total de dez encontros, sempre às terças-feiras.
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Participantes iniciais são de denúncias de agressão física e ameaça
Para organizar a participação dos homens, a delegacia precisou realizar um escalonamento dos crimes praticados pelos participantes e, assim, filtrar o grau de urgência de participação no programa. Os crimes considerados mais graves, como lesão corporal ou ameaças de morte, foram incluídos neste grupo inicial. Os demais devem ser encaixados nos próximos grupos.
Na primeira reunião, será aplicado um questionário para traçar um perfil sociodemográfico do participante. A partir da segunda sessão, cada reunião trará um tema diferente relacionado à violência. Segundo a psicóloga policial, reflexões sobre os tipos de violência doméstica, conscientização do ciclo de violência, além de técnicas da psicologia para identificar gatilhos e controle da raiva, devem estrar em discussão.
— A intenção é os fazer entender que o grupo é voltado a eles: para melhorar o relacionamento deles e que eles também sofrem com a violência de gênero. É quase como trabalhar a questão de resiliência deles — completa a psicóloga.
Alternativa para barrar o ciclo de violência
O dia a dia na delegacia policial no acolhimento de vítimas de violência doméstica demonstrou à psicóloga policial que o atendimento de apenas um lado da dinâmica da violência pode ser insuficiente para prevenir futuras ações. O grupo é alternativa para prevenir futuras agressões, utilizando reflexões sobre mudanças na conduta, cultura e educação na forma de olhar a mulher e, desta forma, barrar o ciclo da violência.
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De acordo com Márcia, a intenção é que o homem reveja suas condutas e deixe de enxergar a companheira como uma propriedade. Ela ainda explica que, com os debates em grupo, os agressores devem ser provocados a refletir sobre questões de gênero e os direitos da mulher.
O programa começou a ser planejado no primeiro semestre deste ano. A iniciativa surgiu depois do Programa PC por Elas, lançado pela Polícia Civil em março, onde grupos de conversas sobre o empoderamento feminino, por exemplo, começaram a ser realizados pelas delegacias do Estado.