Todos os dias, logo cedo, Rosetenair Feijó Scharf, 56 anos, por muitos conhecida como Rô, está onde mais gosta: rodeada pelos livros. Professora, contadora de histórias e atriz, Rô é assessora pedagógica de projetos literários do Departamento de Bibliotecas Comunitárias da Secretaria de Educação de Florianópolis. Mas atuou nas salas de aula até o ano passado e não pensa em se aposentar.
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— Não sei se falta coragem, não sei se tenho energia demais para gastar, eu digo que enquanto eu estiver com energia, ideias, criatividade e com vontade de fazer mais, não posso ir embora — diz.
Manezinha da Ilha, Rosetenair é conhecida pelo trabalho que desenvolve há 37 anos na rede municipal com a literatura e o incentivo à leitura. E é fácil entender o porquê. Em pouco tempo de conversa, ela demonstra todo o amor pelos livros e por ensinar. A influência veio de casa. O pai, Ramon Feijó, já falecido, foi professor quando Rô era criança. Ela cresceu ouvindo causos da Ilha, histórias de bruxas e de Franklin Cascaes.
— Minha mãe contava que antes de começar a aula, meu pai fazia uma contação de história. Ele abria um livro, contava e quando estava no melhor da história ele fechava o livro. Isso criava nas crianças uma vontade de voltar no outro dia para escutar o final da história. A minha mãe conta que num dia de chuva, que ela não poderia ir pra aula, pois ela foi porque tinha o outro capítulo da história — conta Rosetenair, explicando que a mãe, Rosete Franzoni Feijó, 74 anos, foi aluna de seu pai, antes deles se apaixonarem e se casarem.
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Aos oito anos, Rô começou a contar histórias para as crianças com câncer no hospital infantil com o grupo da Igreja Legião de Maria. Para se tornar professora foi um pulo. Cursou o magistério e mais tarde fez pedagogia. Em 1981 passou no concurso público da prefeitura e já deu aulas na escola Dilma Lúcia dos Santos, em Armação, Brigadeiro Eduardo Gomes, no Campeche, foi diretora na creche Paulo Michels, no Sapé, e hoje é efetivada na creche Celso Ramos, na Prainha. Ela também fez especialização, mestrado em Educação e Linguagem e doutorado em Literatura. Além de professora, é contadora de histórias e atriz na Trupe da Alegria.
Foi nos corredores da escola que ela conheceu o marido, o também professor José Macário Scharf, 61 anos. Em 37 anos juntos e 30 de casados, eles tiveram um filho, Willian Feijó Scharf, 29, formado em medicina.
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Formação de leitores
A professora Rosetenair acredita no poder da literatura para o desenvolvimento da criança, dos jovens e também dos adultos. Em suas contações, desde os contos clássicos aos étnicos, ela gosta de usar instrumentos musicais, objetos variados ou só a voz. Mas o elemento principal é o livro.
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— Uma coisa que eu gosto é contar a história e depois mostrar de onde saiu. Contar uma história é oral, mostrar o livro é escrito, mas é de onde tu te alimenta, tu te alimenta de alguém que te contou a história. Eu sempre mostro o livro porque o meu maior objetivo é formar leitores, desde os bebês até os mais velhos — afirma.
Ela vai além e diz ser otimista quando lhe perguntam se um dia o livro vai acabar.
— O livro não vai acabar, o escrito não acaba, as letras vão continuar aí. O que está aí de novo, de tecnológico, vem para ampliar.
Atualmente, Rô coordena três projetos de literatura no Departamento de Bibliotecas Comunitárias, que trabalham com a formação de professores, apresentações em sala de aula e a ida dos alunos até a biblioteca. Com isso, consegue estar em contato também com as famílias e, é desse contato que vem a sua preocupação.
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— Percebo que a família poderia estar mais envolvida com a escola, não é só entregar a criança, é preciso fazer parte. Todos são responsáveis por esta criança. E eu acredito numa educação onde todos estão envolvidos, onde todos têm um olhar para isso.
Programação da Semana do Livro Infantil
Nesta quinta-feira, 12, começa 9ª Semana Municipal do Livro Infantil de Florianópolis. Até o dia 18 de abril terá muita contações de histórias, lançamentos de livros, apresentações teatrais, ciclo de cinema infantil, fórum de bibliotecas escolares, participação de autores vindos de Portugal e oficina de cartonagem.
Programação
– Dia 13, sexta-feira: às 9h e às 14h, contações de histórias na Biblioteca Central da SME, no CEC. No mesmo dia, na Biblioteca Barreiros Filho, das 14h30min às 16h, ocorre o projeto Piquenique Literário, com histórias, lanchinhos e muitas brincadeiras.
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– Dia 15, domingo: das 11h30min às 12h30min, apresentação teatral com o grupo Circus Fever, na sala de cinema do Shopping Iguatemi. Outro espetáculo acontecerá no dia 17, no auditório da Biblioteca Pública de Santa Catarina. “Histórias que saem da mala: João esperto leva o presente certo”, de Valdir Dutra, será apresentado às 15h.
– Dia 16, segunda-feira: oficina de cartonagem na Biblioteca Barreiros Filho, no Estreito. A atividade será desenvolvida em dois horários: das 9h às 11h30min e das 14h às 16h30min. No mesmo dia, às 8h30min, o auditório do Centro de Educação Continuada da SME será palco de uma roda de conversa sobre literatura e artes com a participação do autor português Valter Peres.
– Dia 17, terça-feira: às 14h, lançamento do livro “Tomaz com Z – a história de uma vida feliz”, da autora Teresa Viveiros.
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– Dia 18, quarta-feira: das 14h às 17h30min, no auditório da Faculdade de Educação (Faed), na UDESC, será realizado o ciclo de cinema “Infância em tela”. Após a mostra, haverá um debate com Fernanda Gonçalves. No mesmo dia, das 8h às 12h e das 13h às 17h30min, no auditório do CEC, ocorre o IX Fórum de Bibliotecas Escolares. As inscrições podem ser feitas pelo site da Associação Catarinense de Bibliotecários. E no Sesc Prainha, às 9h30min e às 16h30min, será realizada a “Folia dos livros”, um troca-troca de obras entre os presentes no local. No mesmo dia, às 14h, na Biblioteca Barreiros Filho, acontecerá o Sarau Catarina: um dia com Lobato, que conta a história do escritor.
– Dia 19, quinta-feira: às 14h30min e às 15h30min, a autora Teresa Viveiros volta ao Largo da Alfândega para uma contação de histórias.
– Durante a semana: contações de histórias com autores portugueses serão realizadas durante a Semana Municipal do Livro Infantil, no Largo da Alfândega. No dia 17, terça-feira, às 9h, e no dia 18, às 14h30min e às 17h30min, Valter Peres ficará encarregado de estimular a imaginação do público.
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Biguaçu
Em Biguaçu, o Dia Nacional do Livro Infantil, em 18 de abril, será comemorado com exposições e venda de livros infantis, contação de histórias, apresentações musicais e divulgação do projeto Bookcrossing, no Campus da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), às margens da BR-101. O evento é gratuito e aberto ao público. Ele ocorre das 9h às 21h, no hall central do Campus da Univali em Biguaçu.