A tradição de milhares de católicos de não comer carne vermelha na Quaresma e na Sexta-feira Santa – data que relembra a crucificação e morte de Jesus Cristo – está refletindo na venda e no consumo de peixes em Joinville. Desde segunda-feira, o movimento chegou a dobrar em algumas peixarias em relação ao das semanas anteriores. A expectativa dos comerciantes é de que a procura por pescados e frutos do mar aumente até seis vezes entre hoje e amanhã.

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Crise leva consumidores de Joinville a criarem alternativas para os presentes

Considerando apenas o Mercado Público de Joinville, são esperados 10 mil consumidores na área dos pescados ao longo desta quinta-feira. Outras cinco mil pessoas devem fazer as compras horas antes do almoço, na própria Sexta-feira da Paixão, dia em que o estabelecimento abrirá especialmente para atender aos clientes até as 13 horas. A estimativa é do síndico do mercado, Thiago Teixeira.

Sócio da Peixaria Classe A, alocada no prédio, Teixeira diz que, para atender à demanda, aumentou os investimentos na Semana Santa.

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– Os produtos que compramos de forma fracionada ao longo de um mês, precisamos comprar a mesma quantidade numa única semana. Além disso, temos 30 funcionários fixos e nos dias de maior pico contamos com o apoio de diaristas, chegando a ter 60 pessoas trabalhando – conta.

Esse crescimento é explicado a partir da tradição de pessoas como Lizete da Silva, de 72 anos. Ela veio de São Bento do Sul na segunda-feira com a intenção de comprar peixes frescos para consumir na semana.

– Comer peixe na Semana Santa é um ato sagrado por uma questão de religião e tradição familiar. Em dias santos, não como carne e nessa semana são três dias seguidos sem: quarta; quinta e sexta-feira – fala.

O aumento de fluxo também é sentido nas peixarias do comércio de rua. Na Peixaria Barra do Sul, no Saguaçu, o movimento cresceu, em média, 35% nos dias que antecedem a Sexta-feira Santa, dia em que também abrirá até as 13 horas. Já na Satiro Pescados, do Anita Garibaldi, a procura manteve alta registrada desde a deflagração da Operação Carne Fraca, no dia 17 de março.

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– O número de vendas cresceu em novembro e se intensificou nas últimas três semanas após o boato das carnes. Houve redução de venda para os restaurantes, mas aumentou a clientela. Dá a impressão de que as pessoas deixaram de comer esse produto fora para fazer em casa – diz o comerciante Daniel Filho, de 25 anos.

O joinvilense Claudio Pereira, 52 anos, é um dos exemplos citados por Daniel. Ele costuma comprar peixe apenas em datas especiais e neste ano vai dividir os custos dos pratos em um grupo de 12 pessoas.

– É uma pena eu não ter esse hábito, pois é uma carne leve e saudável, mas senti uma mudança na família. Estão variando mais o cardápio e inserindo mais peixes no dia a dia – afirma.

Neste ano, os produtos mais procurados nas peixarias de Joinville são os tradicionais salmão e bacalhau. A tilápia e a pescada-branca também estão na preferência dos consumidores.

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