O presidente do PT, Rui Falcão, rebateu em nota oficial as declarações feitas em vídeo pelo candidato à presidência Aécio Neves (PSDB) na tarde deste sábado sobre as denúncias de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento e Refino da Petrobras. Segundo o petista, “Aécio faz coro a denúncias sem provas” e usa “acusações chulas e sem fundamento”.

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Na nota, Rui Falcão ainda espeta o candidato com o julgamento iminente do “mensalão mineiro” – suposto esquema de arrecadação ilegal de recursos para a campanha do ex-deputado federal Eduardo Azeredo (PSDB-MG) à reeleição ao governo mineiro, em 1998 – e as notícias recentes de um esquema de corrupção nas obras do Metrô, em São Paulo, estado governado pelo tucano Geraldo Alckmin.

>> Confira a nota de Rui Falcão na íntegra:

“Vitimado pelas lutas internas de seu partido e pelo descrédito junto ao povo brasileiro, o candidato tucano Aécio Neves decidiu partir para a agressão rasteira contra o Partido dos Trabalhadores. Em vídeo gravado na tarde de hoje, em que demonstra descontrole, Aécio faz coro a denúncias sem provas veiculadas pela imprensa a partir de um processo de delação premiada, que, em si, já carrega toda a suspeição comum a esses procedimentos.

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Por outro lado, é cômico ouvir alguém do PSDB falar em “dinheiro sujo da corrupção” justamente às vésperas do julgamento do “mensalão mineiro” e quando a imprensa nacional noticia um pesado esquema de corrupção nas obras do Metrô de São Paulo. Sem esquecer, obviamente, do absurdo uso de dinheiro público para construir um aeroporto na fazenda de um parente do candidato.

Ao contrário do que diz o candidato, o PT não precisa de subterfúgios para se manter no poder. Nossa luta é na rua, batalhando voto a voto a preferência dos eleitores. Se quer realmente nos “tirar do poder de forma definitiva”, como afirmou no vídeo, deve seguir o consagrado caminho do debate democrático de alto nível, e não usar acusações chulas e sem fundamento.

A gravidade das acusações do candidato tucano não podem ficar sem a resposta cabível. O vídeo está sendo analisado pelos advogados do nosso partido e as devidas providências jurídicas serão tomadas. O candidato Aécio, até pelo sobrenome que carrega, deveria pelo menos manter a dignidade enquanto caminha para a irrelevância.

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Rui Falcão,

presidente nacional do PT”

Em vídeo, Aécio Neves chama denúncias de Costa de “Mensalão 2”

O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, publicou em sua conta no Facebook um vídeo em que comenta as denúncias do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa de que políticos da base aliada receberam propina em contratos da estatal. Segundo o tucano, o Brasil acordou “perplexo” com as “mais graves denúncias de corrupção da nossa história recente.”

No vídeo, Aécio classifica as denúncias de “Mensalão 2” e afirma que o “governo do PT” está “patrocinando o assalto às nossas empresas públicas para a manutenção do seu projeto de poder”.

– Estamos disputando essas eleições contra um grupo que utiliza o dinheiro sujo da corrupção para manter-se no poder. Por isso, eu acredito que chegou a hora de darmos um basta a isso e tirarmos, de forma definitiva, o PT do poder – diz Aécio no vídeo.

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Entenda a polêmica

Segundo a revista Veja, Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento e Refino da Petrobras, fez um acordo de delação premiada, que ainda precisa ser homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), para denunciar pessoas que teriam recebido dinheiro em troca de facilitar operações dentro da Petrobras.

Em seus depoimentos, que estão sendo prestados desde o fim de agosto, ele citou diversos políticos que estariam envolvidos no esquema. Entre eles, o do deputado do PP de Santa Catarina, João Pizzolatti, quenegou ter praticado qualquer ato ilícito ao longo de sua vida pública e garante não ser possível ter seu nome envolvido em fraude na Petrobras.

A revista afirma ainda que foram citados pelo delator três governadores, seis senadores, um ministro de Estado e pelo menos 25 deputados federais. O ex-candidato à presidência Eduardo Campos, morto recentemente em um acidente de avião em São Paulo, também foi citado por Paulo Roberto Costa. A candidata Marina Silva (PSB) defendeu seu ex-colega:

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“Nesse momento, qualquer acusação sobre uma pessoa que não está aqui para se defender pode ser uma grande injustiça. Nós estamos aguardando as investigações porque queremos a verdade, porque não queremos ver Eduardo morrer duas vezes: pela fatalidade, ou por qualquer tipo de leviandade com seu nome e sua memória”, informou a revista Veja.

A presidente Dilma Rousseff afirmou que não irá se manifestar sobre os nomes citados por Costa até receber “informações oficiais”. A oposição pediu uma reunião de emergência para discutir as denúncias.