A Ucrânia está comprometida com o processo de paz iniciado com os separatistas pró-Rússia, mas também se prepara para uma possível guerra, advertiu nesta terça-feira o presidente ucraniano, Petro Poroshenko.

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– A Ucrânia está firmemente comprometida com a paz, mas enfrentará uma ofensiva rebelde diante de um cenário pessimista – declarou o presidente na abertura de uma reunião do Conselho de Segurança Nacional e Defesa.

As declarações de Poroshenko foram acompanhadas de uma advertência dos Estados Unidos aos separatistas ucranianos e a Moscou contra qualquer tentativa de ocupar novos territórios na Ucrânia.

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– Qualquer tentativa de prosseguir avançando na Ucrânia será outra violação da soberania e da integridade territorial ucraniana e uma grave violação do acordo de Minsk, firmado por Rússia, Ucrânia e os separatistas – disse a porta-voz do departamento americano de Estado Jen Psaki.

Psaki condenou os novos ataques dos separatistas em Mariupol e em torno do aeroporto de Donetsk, e exortou a Rússia e seus aliados a retirar suas tropas, armas e equipamentos da Ucrânia, além de permitir a entrada de observadores.

As regiões separatistas do leste ucraniano realizaram eleições no domingo passado, cujos resultados foram reconhecidos pela Rússia e condenados pela comunidade internacional.

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Segundo Poroshenko, a votação constituiu “uma violação grosseira ao acordo de Minsk de 5 de setembro”, concluído entre a Ucrânia e os rebeldes, com a participação da Rússia e da OSCE.

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Em Donetsk, reduto separatista onde violentos disparos de artilharia retomaram esta manhã, um líder rebelde, Aleksandr Zakharchenko, eleito “presidente” da autoproclamada república (DNR) com mais de 75% dos votos, tomou posse nesta terça-feira.

– Eu juro servir o povo da República Popular de Donetsk – declarou o ex-mecânico de 38 anos, que até então era “primeiro-ministro” da DNR.

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Uma cerimônia igual correu durante a tarde em Lugansk, outro reduto rebelde, onde o ex-militar de 50 anos Igor Plotnitski, muito ligado ao passado soviético, obteve mais de 63% dos votos no domingo.

Desafiando tais advertências, a Rússia disse “respeitar” a escolha do povo e instou Kiev a “abandonar” suas operações militares no leste, considerando que os rebeldes eleito têm agora a legitimidade de negociar com as autoridades ucranianas.

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No plano internacional, Estados Unidos e União Europeia criticaram as eleições, brandindo a ameaça de novas sanções contra a Rússia, já duramente atingida, por reconhecer esta votação.

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– Como já dissemos, a Rússia tem uma escolha. (…) Se Moscou continuar a ignorar os compromissos assumidos em Minsk e prosseguir com suas ações perigosas e desestabilizadoras, os custos vão aumentar para a Rússia – advertiu na segunda-feira Bernadette Meehan, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional (NSC) da Casa Branca.

Na área econômica, Kiev anunciou nesta terça-feira ter pago 1,45 bilhão de dólares à petrolífera russa Gazprom, primeira condição para a retomada do fornecimento de gás para a Ucrânia, interrompido em junho.

“A Naftogaz pagou à Gazprom a primeira parcela de 1,45 bilhão de dólares da sua dívida sobre os 3,1 bilhões de dólares que Kiev deve pagar até o final do ano”, informou o grupo estatal ucraniano em comunicado.

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Após várias rodadas de negociação, Ucrânia, Rússia e União Europeia chegaram na última quinta-feira a um acordo provisório em relação ao impasse sobre o fornecimento de gás russo, considerado essencial não apenas para Ucrânia mas também para toda a Europa ocidental.

Kiev ainda precisa pagar 1,65 bilhão de dólares, o que deve ser feito até o fim do ano.

*AFP