O presidente da Tupy, Luiz Tarquínio Sardinha Ferro, concedeu entrevista exclusiva a este colunista no último dia 16. Nos 62 minutos de conversa, repetiu, por sete vezes, a palavra equlíbrio como instrumento para o País e as empresas superarem a crise.

Continua depois da publicidade

Em 2015, a Tupy focará nos negócios de usinagem para aumentar o valor agregado. O executivo afirma que chegou a hora de retornar lucro aos acionistas.

Em anos anteriores, a metalúrgica fez aporte milionário de recursos em aquisição de concorrentes e na modernização da produção. Mas os investimentos serão tímidos neste ano.

DESEMPENHO

A Tupy faturou R$ 3,11 bilhões no ano passado, um dado que se revela estável em relação ao ano anterior. O lucro foi de R$ 89,2 milhões, alta de 3% sobre 2013. Num período difícil, as vendas físicas caíram 7,6% comparativamente a 2013.

Continua depois da publicidade

LUCRO

O lucro de 2014 foi impactado por dois fatores: as duas empresas compradas no México e o reconhecimento de que os negócios dos clientes John Deere e Caterpillar não se confirmaram como o desejado. Isso significou que o lucro da Tupy ficou de

R$ 50 milhões a R$ 60 milhões menor do que o esperado.

PRIORIDADE

A Tupy vai focar no aumento da atividade de usinagem de blocos e cabeçotes. A estratégica decisão atende à necessidade de ampliar o valor agregado aos produtos e à cadeia produtiva. A empresa tem este diferencial em relação aos concorrentes. O objetivo é trazer para dentro da metalúrgica os serviços hoje feitos pelos clientes.

AQUISIÇÕES

Novo movimento de compras de concorrentes no exterior não está no horizonte. No momento, não há possibilidade de aquisições de empresas.

– Nossa situação financeira é adequada. Temos de comprar muito bem. Temos de administrar o equilíbrio entre finanças da empresa e a qualidade da compra. Há que se responder a três perguntas: é estratégico? Quanto custa? É uma boa oportunidade?

Continua depois da publicidade

DESACELERANDO

– A Tupy está numa fase menos vigorosa de investimentos. Estamos desacelerando os investimentos. E não é por causa da crise. É, apenas, uma grande coincidência o fato de a economia brasileira estar em retração justamente neste momento. O nosso planejamento é manter a sustentação das atividades. Temos investido bastante em anos recentes. Os acionistas me cobram pelo retorno dos valores aplicados.

LEVY

– O ministro (Joaquim) Levy tenta dirigir a economia para a estabilidade. Quer criar fundamentos para o crescimento econômico. Vai exigir de nós poupar recursos. Não é trivial promover o ajuste. É difícil de fazer. A situação é complexa. O equilíbrio fiscal precisa ser enfrentado.

CÂMBIO

– O câmbio desvalorizado nos ajuda nas exportações (72% dos negócios são no exterior). Mas não dá para desvincular que isso tem efeitos sobre o mercado interno. O setor doméstico da economia brasileira terá queda de atividade significativa. O câmbio (elevado) é fenômeno paralelo ao desaquecimento interno. O câmbio é um preço.

RECESSÃO

– Não me atreveria a dizer que a recessão vai se aprofundar. Não diria que o governo vai aumentar as dificuldades. Deve levar em conta todos os interesses. O desafio é achar o ponto de equilíbrio. 2015 não será um ano de crescimento.

Continua depois da publicidade

EQUILÍBRIO

– As manifestações públicas são da democracia. Não podem ofuscar o que temos de buscar: um cenário de crescimento. O anseio comum é o da busca por uma situação equilibrada.