A presença da presidente Dilma Rousseff na assinatura da ordem de serviço da ponte estaiada sobre o Canal Laranjeiras, em Laguna, nesta segunda-feira demonstra a exigência sobre o consórcio liderado pela Camargo Corrêa em concluir um dos três últimos gargalos da duplicação da BR-101 Sul em julho de 2014. E isso, um ano antes do prazo contratual.

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Coincidência ou não, a data solicitada é três meses antes da próxima eleição presidencial, a qual Dilma poderá concorrer à reeleição. No palanque, presidente decidiu aclamar o pedido dos catarinenses e garantiu o nome da ponte como Anita Garibaldi, a heroína que lutou no Estado e na Itália.

Independente da intenção, a postura disciplinar da presidente sobre um dos três maiores gargalos da duplicação da BR-101 Sul, depois de três anos de atraso, trouxe satisfação aos políticos catarinenses e à população presente. Cerca de 2,5 mil pessoas estiveram no evento.

No momento da assinatura do contrato, quem estava perto do palanque viu Dilma dar um tapinha no ombro do representante da Camargo Corrêa, Marcelo Bisordi. Longe do microfone teria parabenizado e lembrado da expectativa de acelerar a obra.

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Em seu discurso, Dilma lembrou de quando vivia no Rio Grande do Sul e costumava passar pela BR-101 para visitar o litoral catarinense em um tempo que o congestionamento não era intenso como hoje. Comentou que conhece o Estado há 40 anos. Ela demonstrou surpresa com um vídeo feito este ano pelo diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), general Jorge Fraxe.

– Seguia o hábito gaúcho de passar férias em Santa Catarina. Muitas vezes passei de carro por aqui. É uma honra decidir pela construção da ponte. Fraxe gravou o congestionamento na região. Deu para perceber como estava grave o fluxo de veículo que se estreitava na ponte – afirmou.

A presidente usou o exemplo da construção da obra de R$ 540 milhões (o valor original era de R$ 597 milhões, mas sofreu redução de preço nos últimos dias) para falar sobre o momento econômico brasileiro, que ela considera em franca expansão ao contrário do que ocorre atualmente na Europa e Estados Unidos.

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Dilma afirmou que, enquanto as grandes potências estão com o freio de mão puxado em investimentos, o Brasil optou por injetar recursos em infraestrutura e criar empregos. No caso da Ponte Anita Garibaldi, a expectativa a gerar 1,5 mil postos de trabalho direto e 5 mil indiretos.

– Nos últimos anos cuidamos para criar um conjunto de armas contra crises externas. Antigamente o mundo espirrava lá fora e nós pegávamos uma pneumonia. Na crise de 2009, fomos atingidos, mas muito pouco. Agora temos US$ 370 bilhões de reserva enquanto naquela época tínhamos US$ 205 bilhões e isso garante proteção o que quer que aconteça fora do país – anunciou com orgulho a presidente.

Na segunda vez que Laguna, uma cidade de R$ 51,5 mil habitantes, recebe um presidente da República – o primeiro foi Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006 – populares foram ver de perto as promessas de Dilma. A prefeitura decretou ponto facultativo e alunos de escolas públicas foram acompanhar os discursos.

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– Viemos ver a presidente determinar o início das obras, agora esperamos que ela libere verba até a conclusão da ponte. Chega de acidentes, chega de matança na BR-101. Essa duplicação já era para estar pronta – espera a vice-presidente de uma das escolas de samba da cidade, a Villa Isabel, Maria Gorete Ferreira, de 54 anos.