Lideranças grevistas e representantes do governo municipal estiveram frente a frente, na manhã de quarta-feira, mas ficaram longe de chegar a um acordo que colocasse fim à greve dos servidores públicos em Joinville.

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O encontro não havia sido agendado e só ocorreu porque Ulrich Beathalter, presidente do sindicato da categoria (Sinsej), desceu do carro de som enquanto comandava mais um ato oficial da greve e cobrou que fosse atendido no Executivo.

Ulrich tinha a expectativa de ser procurado pelo prefeito Udo Döhler (PMDB) ainda pela manhã, mas o contato não ocorreu. Recebidos pelo assessor de gabinete do prefeito, Afonso Fraiz, além do vice-prefeito Rodrigo Coelho (PDT) e do secretário de Comunicação, Marco Aurélio Braga, os líderes sindicalistas e os representantes do governo não falaram a mesma língua.

Enquanto o sindicato criticava a não abertura da mesa de negociações, a cúpula governista rebatia com a alegação de que não houve pedidos formais de audiência nem contraproposta protocolada pelo sindicato durante o período de greve.

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Segundo Fraiz, Udo não pôde participar da reunião quarta-feira porque estava fora da Prefeitura. Ainda conforme Fraiz, foi sinalizado interesse de um novo encontro com o sindicato apenas para discutir os demais tópicos da pauta de reivindicações, sem interesse de alterar a proposta de reajuste salarial.

– Os números estão postos. Não existe vontade política que resista aos números. Não estamos fazendo um jogo em que podemos mudar os valores -, reforçou.

A falta de flexibilidade na proposta de reajuste foi criticada por Ulrich.

– O governo, então, admite que a greve vai seguir? Não haverá sinalização que proponha o fim da greve? -, contestou.

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O aperto de mãos que encerrou a reunião ocorreu quando se decidiu que o município avaliaria a possibilidade de uma nova audiência assim que recebesse uma contraproposta por escrito do sindicato. Em votação por assembleia realizada também pela manhã, os grevistas decidiram os termos da contraproposta e entregaram ao governo municipal no começo da tarde.

Segundo a Prefeitura, o sindicato fez um pedido genérico de reabertura de negociações, porém sem sugerir uma proposta em números. O governo irá analisar o pedido, mas só deve receber o sindicato em nova audiência após a votação na Câmara.

Mobilização na Câmara

O ponto de encontro dos servidores em greve hoje será no Legislativo. A categoria promete, mais uma vez, fazer pressão na tentativa de barrar a tramitação do projeto encaminhado pela Prefeitura com a proposta de reajuste salarial dos servidores.

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Na terça, o documento passou a ser analisado pelas comissões de Legislação e Finanças, mas não foi levado à votação porque o vereador Odir Nunes (PSD) pediu vista ao projeto, com prazo de 24 horas para devolvê-lo.

O QUE PROPÕE A PREFEITURA

– Acréscimo de 4% na próxima folha, além de 1,56% em novembro e 1,6% em dezembro, totalizando 7,25% de reajuste (a conta inclui juros).

CONTRAPROPOSTA DO SINDICATO

– Mantém os pontos da pauta de reivindicações, mas dá margem à negociação de três itens. A nova sugestão prevê a reposição completa da inflação retroativa a 1º de maio, só que desta vez possibilita a concessão do ganho real parcelado até dezembro. Na pauta de reivindicações, o sindicato cobrava o reajuste dos vencimentos pelo INPC da data-base mais 5% de ganho real imediatos.

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– A proposta inicial do vale-alimentação cobrava a imediata universalização do benefício e sua equiparação ao valor de R$ 411 (pagos na extinta Conurb). Agora, os grevistas propõem que a Prefeitura apresente como pode atender ao pedido – se por etapas ou ampliando gradativamente, e em quanto tempo.

– Além dos itens das reivindicações, também foi incluída a cobrança do abono dos dias paralisados. Os servidores não aceitam desconto na folha.