Os sentimentos de ansiedade e tensão que havia entre centenas de servidores que lotaram a Câmara de Vereadores de Joinville terça-feira à tarde se transformaram em alívio após a votação do projeto de reajuste salarial ser adiada.

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A votação aconteceria em plenário após discussão prévia nas comissões de Legislação e Finanças, não fosse um pedido de vista feito pelo vereador Odir Nunes (PSD). O resultado deu tempo para que o Sindicato dos Servidores Públicos de Joinville (Sinsej) pudesse tentar negociar com a Prefeitura em uma possível reunião prevista para ocorrer nesta quarta-feira.

GALERIA: manifestação na Câmara de Vereadores

O prazo para que o vereador analise o projeto é até a reunião ordinária das comissões, que ocorrerá nesta quinta-feira. Odir considera que o reajuste fracionado não está de acordo com a Constituição.

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– O artigo 37 é muito claro e diz que é de competência do governo dar a reposição da inflação aos servidores, e isso tem que ser imediato -, defende.

A versão foi rebatida pelo presidente da Comissão de Legislação, o vereador Maurício Peixer, que teve como respaldo a explicação do corpo jurídico da casa para explicar a constitucionalidade do projeto apresentado pela Prefeitura.

– Por que ele não questionou dois anos atrás com o Carlito e questionou agora? Nós vamos dar o parecer para que ele possa ser esclarecido, mas o projeto é constitucional -, afirmou.

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A discussão das comissões foi transmitida aos servidores por videoconferência no plenário. Era possível ouvir a inquietação deles de dentro da sala onde ocorria a reunião por meio de vaias ou aplausos conforme os vereadores se manifestavam.

Duas professoras que aguardavam a possível votação desabafavam em conversa dizendo que é difícil manter o brilho nos olhos quando não há valorização e estrutura adequada para atender aos alunos. Elas aderiram ao movimento na metade da semana passada.

– Quando percebi que as coisas não se resolviam, decidi aderir. Precisamos nos unir para conseguir alguma coisa -, disse uma das servidoras que leciona a disciplina de ciências.

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Para o Sinsej, vitória

O presidente do Sinsej, Ulrich Beathalter, considerou o resultado uma vitória para a categoria. Ele acredita que a presença em peso dos servidores e a pressão que eles fizeram desde o início da tarde sensibilizaram os representantes do Legislativo a adiar a votação. Ulrich espera que a mesa de negociações seja reaberta em uma reunião ainda nesta quarta com o Executivo.

Segundo ele, o prefeito Udo Döhler confirmou por telefone terça-feira que o receberia para nova conversa.

– Ele disse que amanhã (nesta quarta) me ligaria para agendar uma audiência. Eu acredito que ele cumprirá com a palavra -, salientou.

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A expectativa do sindicato é de que a reunião ocorra antes da assembleia marcada com a categoria, às 9 horas, em frente à Prefeitura.

– Esperamos que seja apresentada uma proposta que possa pôr fim ao movimento.

Expectativa de aprovação

O assessor de gabinete de Udo Döhler, Afonso Fraiz, não considera a decisão de terça-feira uma perda, até porque não espera que a greve termine, ainda que a votação seja favorável à proposta de reajuste salarial.

– Este é o procedimento regimental da Câmara, não houve nenhuma decisão até então -, avaliou.

Porém, a expectativa do Executivo é de que no momento da votação os vereadores aprovem a proposta. Fraiz afirmou, ainda, que o governo conta com o comparecimento aos postos de trabalho de 90% dos servidores públicos e que os desfalques são pontuais.

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Sobre a reunião desta quarta, Fraiz confirmou que o prefeito deve ligar para o sindicalista para conversar. Se haverá reunião ou não, essa é uma decisão que deve ocorrer entre eles. Aliás, segundo Fraiz, o prefeito espera conversar o ano todo com o sindicato.