Os prefeitos das cidades que devem compor a Região Metropolitana de Joinville são a favor do projeto encaminhado pelo então governador Raimundo Colombo (PSD) à Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) na última sexta-feira. Os chefes do Executivo ouvidos pela reportagem consideram que a medida pode ser um avanço para a região por gerar mais integração entre os municípios e facilitar situações comuns, como o transporte coletivo e o processamento do lixo entre as cidades.
Continua depois da publicidade
O projeto apresentado pelo governo do Estado propõe criar um território incluindo os municípios de Joinville, Araquari, Balneário Barra do Sul, Campo Alegre, Garuva, Itapoá e São Francisco do Sul. Também está prevista a criação da Superintendência de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Joinville (Suderj), que seria vinculada à Secretaria do Estado do Planejamento.
O documento justifica a implantação da Região Metropolitana como forma de resolver de forma integrada as principais deficiências regionais, como abastecimento de água e energia, coleta de resíduos sólidos, mobilidade urbana, saneamento básico e transporte público.
Tesouro estadual questiona despesas
A Suderj contaria com cargos de superintendente, diretor técnico e diretor administrativo-financeiro. A pasta teria a competência de realizar licitações dos contratos administrativos que tenham por finalidade os serviços e demais funções públicas de interesse comum. Levando em conta os três cargos a serem criados, o impacto financeiro previsto seria aproximadamente R$ 380 mil para 2019.
Continua depois da publicidade
Esses gastos extras foram alvo de ressalvas feitas pela Diretoria do Tesouro Estadual, vinculada à Secretaria da Fazenda. O órgão encaminhou ofício na última semana alertando para o “aumento considerável da despesa pública” relativa à manutenção e ao custeio da nova autarquia e do aumento da folha de pagamento.
JOINVILLE – Udo Döhler
“Essa é uma proposta antiga nossa. É essencial que essa região metropolitana aconteça. Hoje já temos duas cidades conurbadas, que são Joinville e Araquari. Então, nós já fornecemos água para Araquari e o transporte intermunicipal existe. Isso é quase que emergencial para que a gente possa examinar essas questões dentro do espaço da região metropolitana. A nossa leitura é totalmente positiva. Não temos consciência do projeto como um todo porque ele foi enviado às pressas sem sermos consultados, o que é estranho. Achamos que ela não pode ter uma conotação política, ela precisa resolver um problema de ordem técnica, que envolve a mobilidade, a distribuição de insumos, gestão de esgoto, lixo e água. O que pode acontecer, por exemplo, é uma coisa que estamos analisando há tempos que é a questão do lixo orgânico. A região produz umas 800 toneladas de lixo diariamente, então isso já permite abrigar uma usina de processamento de lixo e existem vários modelos”.
ARAQUARI – Clenilton Pereira
“A região metropolitana é algo pelo qual a gente briga há bastante tempo. No caso específico de Araquari, é em função da questão do transporte coletivo, da dificuldade que a gente tem do ônibus entrar no Itinga e isso acaba atrapalhando bastante. A região metropolitana também traz outras situações que podem ser feitas de maneira consorciada, como água, saneamento, serviço de lixo e como hoje existe o Cisnordeste (Consórcio Intermunicipal de Saúde do Nordeste de Santa Catarina), que é um consórcio. Como pontos negativos, ainda não consigo enxergar muitos. Pode ser que, no caso de fazermos algum consórcio ou algo nesse sentido, pode haver conflito sobre quem vai tocar. Isso que me preocupa um pouco, mas de maneira geral acho que temos muito mais a ganhar do que perder”.
BALNEÁRIO BARRA DO SUL – Ademar Borges
“Tem vários consórcios que podem ser feitos. Temos a questão do lixo, que hoje fazemos parceria com a prefeitura de Joinville, mas tem a questão da água, do transporte coletivo. Eu vejo com bons olhos nesse sentido. Se os municípios trabalharem em conjunto, começa a diminuir também os problemas de Barra do Sul. Eu poderia fazer uma reunião com os demais prefeitos e ver onde eles podem me ajudar. É unir as forças. Eu vejo como positivo, mas quem vai coordenar é o que me preocupa. Se todo mundo comandar, nada vai acontecer. Precisa ter um líder”.
Continua depois da publicidade
CAMPO ALEGRE – Rubens Blaszkowski
“Naturalmente, sendo Joinville uma das maiores cidades catarinenses, de muito fomento e emprego, vai nos trazer algum avanço pertencer à região metropolitana. Para nós, como vizinhos, só vai nos ajudar. De positivo, é possível que a gente tenha alguns fomentos, ou seja, recursos que pertencem às regiões metropolitanas, talvez no turismo, na educação e, principalmente, na saúde. Ou que tenhamos algum convênio firmado. Como pontos negativos, não vejo algo que vá prejudicar se vir a acontecer. Campo Alegre só tem a ganhar com isso. Temos um município bem pequeno, de apenas 12 mil habitantes. Pertencendo à Região Metropolitana de Joinville, vamos ganhar com certeza”.
GARUVA – Rodrigo David
“Eu sou favorável. Acho que teremos avanços na mobilidade dos municípios porque vai facilitar o transporte público entre eles. A gente (da Associação dos Municípios do Nordeste de Santa Catarina) está fazendo agora o Plano de Mobilidade Integrado, então vai se ter uma leitura do panorama geral das cidades que envolvem essa região para pensarmos no futuro como vamos construir as novas ações que teremos para esse assunto”.
ITAPOÁ – Marlon Roberto Neuber
O prefeito foi procurado pela reportagem, mas não atendeu às ligações. A prefeitura afirmou que o chefe de gabinete retornaria o contato, mas até o fechamento desta edição a reportagem não recebeu um posicionamento.
SÃO FRANCISCO DO SUL – Renata Gama Lobo
“Eu acho muito interessante porque muitos pleitos são comuns aos municípios. Tem alguns temas que são importantes como a BR-280, a abertura do Canal do Linguado. Isso também pode aumentar o poder de barganha nas compras que são comuns às prefeituras, na área de saúde, principalmente, que são os itens mais caros. Tem temas como o saneamento básico, que diz respeito a toda a Região Metropolitana de Joinville. Não faz sentido que São Francisco do Sul tenha toda a ilha saneada e Joinville tenha apenas 32% do saneamento básico. Isso é um tema muito importante que diz respeito a todos e é importante que a gente debata esse assunto com todos os prefeitos. O importante é fazer os pleitos comuns, aumentando nosso poder de força”.
Continua depois da publicidade