A coluna do Mário Motta de terça-feira na Hora mexeu com um assunto que está em debate na Grande Florianópolis: a diferença nos preços da gasolina nos postos de combustíveis no estado. Motta expôs a variação entre Balneário Camboriú e Florianópolis, R$ 3,09 na primeira cidade e R$ 3,69 na segunda, porém, pelo Facebook da Hora, os moradores da Grande Floripa relataram a comparação no entorno da Capital: R$ 3,07 em Tijucas e R$ 3,29 em Alfredo Wagner e até R$3,74 no bairro Ingleses, norte da Ilha.

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A maior reclamação é o preço unificado e alto na Capital, com exceção do posto historicamente mais barato na Avenida Mauro Ramos, onde o preço mantém-se em R$ 3,14.

— Vou todo sábado a Balneário Camboriú (logo que passa o túnel na BR-101), abasteço e volto. Faço 80 km/h pra não gastar muito. Encho o tanque, que dá pra semana toda. Uma banana pra esses donos de cartéis aqui — afirmou Ricardo Ric, morador de Florianópolis, pelo Facebook.

— Esse final de semana, em Itajaí, encontrei em um posto a incríveis R$ 3,03 e aqui em Floripa o preço a R$ 3,69. Não sei nem o que falar — complementou o estudante de odontologia da UFSC, Eriel Santos, também pelas redes sociais.

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— Aqui no Rio Vermelho a valor do litro é um absurdo, e esse valor está em todos os postos de gasolina. Quando vou abastecer meu carro sempre pergunto o porquê de tão caro e por que o valor está igual em todos os postos. Eles simplesmente me ignoram ou não sabem responder. Aí eu pergunto: cadê a fiscalização? — questionou o morador Claudemir Freitas Vizinho.

“É uma insanidade trabalhar com R$3,20, R$3,29”, diz Sindicato

Nesta quarta-feira, em entrevista ao Mário Motta, na rádio CBN, o diretor do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis de Florianópolis, Joel Fernandes, justificou os preços aplicados na Ilha e criticou quem pratica ¿loucuras de preços que prejudicam toda uma categoria¿. Segundo ele, as distribuidoras entregam a gasolina aos postos com preço na faixa de R$ 3,10 a R$ 3,15.

— É ima insanidade econômica trabalhar com R$ 3,20, R$ 3,29. Os postos de gasolina de Florianópolis tentaram acompanhar preços nesse patamar e houve uma pré-falência generalizada. Houve uma perda média de R$ 30 mil mensais durante o período dessas promoções maquiavélicas. O operador precisa trabalhar com pelo menos 20% de margem para manter a saúde financeira — afirmou.

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Fernandes citou o monopólio da Petrobras, as redes de distribuidoras e até o custo do aluguel na Ilha como fatores que elevam o preço da gasolina a mais de R$ 3,60 na maioria dos postos de combustíveis da Capital, acima da média praticada em outras cidades.

Postos que praticam valores menores, segundo ele, trabalham com bandeira branca.

— Os postos que não sustentam bandeira recebem a gasolina na faixa de R$ 2,95, pois não têm uma distribuidora atuando. Por exemplo, o posto da Mauro Ramos não recebe cartão de crédito. Só a taxa do cartão e o tempo de recebimento dão mais de R$ 0,10 por litro.

Questionado sobre os valores similares praticados pela maioria dos postos, Fernandes disse que a razão é o monopólio da Petrobras.

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— Temos uma empresa que vende o produto no Brasil. Não há como ter diferença de preço.

O diretor do sindicato, porém, culpou o preço do aluguel na Ilha ao argumentar sobre a diferença de preços em Florianópolis e nas cidades próximas como Palhoça e São José:

— São os mais caros possíveis. Quem, por exemplo, paga R$ 30 mil de aluguel em Florianópolis, no Continente paga R$ 15 mil. Há uma diferença.

Preços aumentam e postos fecham as portas

No início de julho, quando a gasolina aumentou de R$ 3,14 para R$ 3,69 na Grande Florianópolis, a Hora buscou explicações do setor. O valor mais em conta era promoção dos postos que sofreram queda de 4% no abastecimento no primeiro semestre e tentaram recuperar as vendas. Já o preço mais alto é o teto praticado no Estado. Abaixo disso, segundo o Sindicato dos Postos de Combustíveis da região (Sindópolis), é competição entre os postos.

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Outro ponto citado pelo setor é a falência de postos de combustíveis na região devido à retração econômica. Em oito meses, 20 postos foram fechados e 222 trabalhadores demitidos na região, segundo o Sindicato dos Empregados em Postos de Venda de Combustível e Derivados de Petróleo da Grande Florianópolis (Sinfren).

— O trabalhador também está pagando a conta. Tivemos 11% de queda no número de funcionários nos postos e aumento de 30% nas rescisões — ressalta o presidente do Sinfren, Derli Muzzo. Até julho, eram 220 postos de combustíveis na Grande Florianópolis e cerca de 3,5 mil trabalhadores.