Foram soltos nesta quinta-feira o policial civil e o advogado presos em uma operação desencadeada nos últimos dias pela Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic) de Florianópolis. A liberdade foi garantida pela 1ª Vara Criminal de Balneário Camboriú, que recebeu a denúncia do Ministério Público e revogou as prisões.

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O advogado Jonas de Souza pagou fiança de 10 salários mínimos para ter direito à liberdade. Ele ainda terá de cumprir medidas cautelares, como comparecer mensalmente em juízo. O policial Christian Carlos Cardoso não teve de pagar fiança, mas não poderá exercer a profissão até decisão contrária.

Segundo o MP, o policial civil, o advogado e um empresário foragido agiam em conjunto para extorquir envolvidos em investigações. Christian estava detido na sede da Deic, em Florianópolis, enquanto Jonas estava no Complexo Penitenciária da Canhanduba, em Itajaí.

Agora, as defesas de ambos serão intimadas para apresentar resposta por escrito em relação aos fatos mencionados na denúncia.

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Policial da Deic e advogado são presos em investigação de extorsão

Denúncia do MP

A denúncia atribui aos três a prática dos crimes de associação criminosa, quebra de sigilo funcional e concussão (exigir vantagem indevida em razão da função). Os investigados não tiveram as identidades divulgadas, mas a reportagem do Diário Catarinense apurou que o advogado é Jonas de Souza, especializado em direito criminal, e o policial é Christian Carlos Cardoso, que atuava na Divisão de Defraudações da própria Deic na Capital.

Como o empresário está foragido, a identidade dele também é mantida sob sigilo. Segundo o promotor responsável pela denúncia, Isaac Newton Belota Sabbá Guimarães, o trio agia em conjunto. Cabia ao policial, diz o promotor, repassar ao advogado informações privilegiadas sobre pessoas investigadas pela Polícia Civil.

Advogado preso em operação da Deic em Balneário Camboriú teve libertação negada pela Justiça

Informado de detalhes sigilosos, o advogado então passava a abordar as pessoas investigadas nas operações.

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—Eles estavam unidos em propósito, havia uma coautoria. O que transparece nas investigações é que o advogado era o principal articulador. Ele colocava as vítimas contra a parede dizendo que poderiam ter problemas. Exigia valores para dar informações ou supostos benefícios — aponta o promotor.

Já o empresário, conforme o promotor, teria feito a avaliação de um dos bens de uma vítima que seria entregue e vendido futuramente. A denúncia aponta que a articulação começou a partir do último mês de junho e, além de Balneário Camboriú, pode ter se repetido também em Rio do Sul. Gravações serviram como provas para o trabalho de investigação.