A Justiça de Balneário Camboriú negou um pedido de revogação da prisão preventiva do advogado detido numa operação recente da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic) de Florianópolis. A reportagem do Diário Catarinense apurou que trata-se de Jonas de Souza, especialista em direito criminal, com escritório no Centro de Balneário Camboriú.

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Policial da Deic e advogado são presos em investigação de extorsão

Ele está preso desde o último dia 18 no Presídio Regional de Itajaí. O pedido de revogação foi negado pelo juiz da 1ª Vara Criminal da cidade, Roque Cerutti, em decisão publicada na sexta-feira no Diário da Justiça Eletrônico. A defesa argumenta que, ao ser abordado em seu escritório, ele abriu as portas e não ofereceu resistência, além de ter confirmado seu atual endereço residencial aos investigadores.

A defesa ainda apontou que o investigado não tem antecedentes criminais, tem uma vida “pautada pela honestidade e probidade”, mora na cidade há quatro anos e tem ocupação lícita. O juiz, no entanto, negou a revogação da prisão e apontou indícios de participação dele no crime de concussão (exigir vantagem indevida em razão da função).

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—As provas até então coletadas oferecem indícios da participação do requerente no crime ora apurado — escreveu.

O magistrado ainda anotou que, se fosse solto prematuramente e na qualidade de advogado, o investigado “poderá embaraçar o bom andamento das investigações”.

A defesa de Jonas também ajuizou um habeas corpus no Tribunal de Justiça na tentativa de que ele fosse transferido para uma sala de Estado Maior ou ganhasse direito à prisão domiciliar. O argumento era de que a prisão comum imposta ao advogado é inconstitucional e fere a prerrogativa da função.

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O pedido foi negado liminarmente porque teriam faltado documentos que comprovassem a irregularidade da situação. Procurado pela reportagem, o advogado que representa Jonas no caso preferiu não comentar a atuação da defesa porque o processo corre em segredo de justiça.

Policial está detido na Deic

Divulgada pela Polícia Civil na última terça-feira, a operação também garantiu a prisão de um investigador da própria Deic. O policial não teve o nome revelado na operação, mas a reportagem apurou que trata-se de Christian Carlos Cardoso, nomeado em 2006 para a Polícia Civil. Ele está preso desde o último dia 26, na sede da Deic, e também teve o nome mencionado na decisão publicada sexta-feira.

Afastado das funções, Christian atuava na Divisão de Defraudações da Deic e já teve passagem pela Divisão de Roubos e Antissequestros da mesma diretoria. As suspeitas são de que o agente vazaria informações de investigações e operações em andamento em razão do conhecimento do trabalho policial que tinha dentro da diretoria.

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Segundo a nota oficial assinada pelo delegado-geral da Polícia Civil, Artur Nitz, os envolvidos foram indiciados pelos crimes de violação de sigilo funcional, associação criminosa e concussão praticados em Balneário Camboriú e Rio do Sul. Um empresário que também faria parte do esquema está foragido.

Procurado pela reportagem na noite de terça-feira por telefone, o diretor da Deic, delegado Adriano Bini, que está em férias, disse que ainda há um inquérito com investigações em andamento sobre o caso em Rio do Sul e por esse motivo não poderia revelar mais detalhes além das informações divulgadas. A reportagem não teve acesso à defesa de Christian — a Polícia Civil e a 1ª Vara Criminal de Balneário Camboriú não informaram o nome do seu defensor.