Na tarde de sábado, uma ação policial terminou com uma pessoa ferida no acampamento Egídio Brunetto, em Garuva, no Norte de Santa Catarina. Desde o dia 10 de abril, famílias e militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem terra (MST) ocupam um terreno às margens da rodovia SC-417.

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A Polícia Militar foi ao local quando um grupo tentava ocupar o terreno que fica do outro lado da rodovia, que é do mesmo proprietário. Para impedir que o grupo ocupasse a área, policiais dispararam balas de borracha e atingiram um homem.

A Polícia Militar acusa o grupo de ter invadido uma residência e diz ter agido depois de ter solicitado que o grupo deixasse o local. De acordo com o sargento Ivonei Polsin, alguns homens mantiveram uma família em cárcere privado durante mais de uma hora. Todos portavam foices e facões, segundo o sargento.

– Os invasores tentaram instigar os demais invasores e partiram para a direção da Polícia Militar, que fez uso de munição não letal, com intuito de restabelecer a ordem, afugentando os masculinos que largaram objetos utilizados para ameaçar e intimidar as vítimas e os policiais – afirmou o sargento Polsin.

O MST nega as acusações. Em nota, o movimento alegou que “a acusação de que o MST colocou a vida de uma família em risco é inverídica e somente visa gerar o medo” . O movimento negou que tenha mantido uma família em cárcere privado e afirmou que os sem terra passaram longe da casa onde estava a família. Segundo o MST, os policiais fizeram “inúmeros disparos com balas de borracha e um dos acampados foi atingido por sete tiros”.

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– Os sem terra foram surpreendidos com a chegada da polícia atirando, de uma forma muito truculenta e usando de violência verbal. De acordo com os acampados, a polícia afirmou ter autorização do fazendeiro para atirar. Apesar de toda violência policial, não houve violência por parte dos moradores do acampamento – diz a nota.

O advogado do proprietário das terras nega a afirmação do MST sobre a autorização para atirar. A PM informou que não houve feridos entre os policiais e a família que estava no local.

Uma inspeção judicial na área e uma audiência de conciliação foram marcadas pelo juiz Juliano Serpa, da comarca de Garuva, para o dia 9 de maio. No dia 20 de abril, O juiz determinou que “os acampados impeçam o ingresso de novas famílias no local, bem como preservem os recursos naturais existentes na área e adjacências, sobretudo aquelas de preservação permanente, não podendo promover o corte de vegetação e de árvores”.

Sobre o acampamento Egídio Brunetto

O acampamento Egídio Brunetto faz parte da Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária. O nome é uma homenagem à Egídio Brunetto, que era responsável pelas relações internacionais do MST e morreu em 2011, em um acidente de carro, em Mato Grosso do Sul. O MST informou que o acampamento é formado por famílias de Joinville, Jaraguá do Sul, Garuva e Araquari. O MST alega que a terra está abandonada há mais de 10 anos.

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Alvaro Carlos Meyer, que se apresenta como advogado do proprietário das terras, nega que o terreno esteja abandonado. Para ele, o MST ¿errou o caminho¿. Ele afirmou que há contratos de locação e de arrendamento e que isso já prevê a função social. De acordo com o advogado, o terreno ocupado pelos trabalhadores tem cerca de 250 metros. Ele já providenciou o pedido de reintegração de posse.

MST espera que 600 famílias ocupem terreno em Garuva