Nesta segunda-feira, o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) liderou uma ocupação em Garuva, no norte catarinense. A expectativa do movimento é que cerca de 600 famílias montem acampamento no terreno, que fica na região conhecida como Minas Velhas, perto da divisa com o Paraná. Alvaro Carlos Meyer, que afirma ser advogado do proprietário das terras, diz que está providenciando o pedido de reintegração de posse, que deve ser feito nesta quarta-feira.
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Um comboio formado por militantes do MST começou a chegar no local por volta das 6 horas de segunda-feira. A ocupação já era planejada há meses e faz parte da Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária. Policiais estiveram no local e registraram um boletim de ocorrência. A Polícia Militar não contabilizou a quantidade de pessoas no terreno. Em Santa Catarina, um outro terreno em Fraiburgo também foi ocupado.
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João Maria de Oliveira, membro do MST, explica que essas ocupações serão feitas entre 10 e 17 de abril em todo o território nacional. Até a noite desta segunda-feira, 200 famílias já haviam se instalado no terreno, de acordo com João Maria. Segundo o MST, são famílias de Joinville – principalmente dos bairros Jardim Paraíso e Paranaguamirim-, Jaraguá do Sul, Garuva e Araquari.
— Só em Santa Catarina, temos 1,2 mil famílias acampadas. Nós queremos que a reforma agrária volte para a pauta do governo imediatamente — explica.
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Vilson Santin, um dos dirigentes estaduais e nacionais e um dos fundadores do MST em Santa Catarina, diz que foram as famílias que procuraram o movimento em busca de terra para plantar. Segundo Santin, que já foi deputado estadual pelo Partido dos Trabalhadores (PT), 90% das pessoas têm origem na agricultura. A decisão das famílias, de ocupar uma área com o MST, acontece por vários motivos, como aluguel caro, custo de vida alto, desemprego e falta de segurança na cidade, diz Santin. A ideia do MST é iniciar o plantio para produção de alimentos e criação de gado leiteiro.
— Queremos ir na linha da diversificação da produção, com agroecologia, piscicultura, produção orgânica e sustentável. Tem uma riqueza muito grande aqui — afirma Santin, que diz estar no assentamento Anita Garibaldi, em Ponte Alta, há 14 anos. Ele estima que o terreno ocupado em Garuva tenha mais de mil hectares. — Essa terra está abandonada há 12 anos. No nosso olhar, ela é improdutiva. Sentimos que ela não cumpre sua função social — explica.
O advogado Alvaro Carlos Meyer, citado por integrantes do MST, nega que seja o dono das terras. Ele diz que o terreno é de um cliente e que eles estão providenciando o pedido de reintegração de posse, que deve ser feito nesta quarta-feira. O advogado também nega que o terreno esteja abandonado.
— Existem contratos de locação e de arrendamento. Para mim, esse pessoal do MST errou o caminho. Tem aviário em reforma, a casa tem energia, tem atividades de mineração. A propriedade não está abandonada. O próprio contrato de locação prevê a função social — defende o advogado, que informou que o terreno ocupado tem cerca de 250 metros. — Estão prejudicando pessoas que lutaram a vida inteira, é uma linda propriedade. E não tem nenhuma pendência fiscal, nenhum débito — afirma Alvaro.
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O MST nomeou a ocupação como acampamento Egídio Brunetto. O movimentou informou que uma reunião com o prefeito de Garuva foi agendada para a próxima quarta-feira, quando o MST pretende solicitar auxílio relacionado às questões de saúde, educação e infraestrutura. A assessoria de imprensa da Prefeitura confirma que há uma reunião agendada, mas ainda não garante que o prefeito participe.