A Polícia Civil catarinense vai se unir à de São Paulo nas buscas pelo líder do grupo de palhaços e da mulher dele. O casal, natural de Ribeirão Preto (SP), é procurado por suspeita de crime de estelionato em Santa Catarina. As prisões serão solicitadas caso as entidades confirmem que seus nomes foram usados indevidamente pelo falsos pedintes. O grupo fantasiado de palhaço vendia cartões-postais nos semáforos da Capital com o argumento de que o dinheiro arrecadado seria doado a instituições que cuidam de crianças em Florianópolis. As entidades negam.

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Um dia depois da fuga do líder da quadrilha dos palhaços, nesta quarta-feira, a polícia catarinense começa a articular a parceria com a paulista para encontrar Percival e Rita de Souza. Os dois são procurados porque teriam enganado motoristas e passageiros de ônibus com a venda de cartões no valor de R$ 2, cujo lucro seria revertido ao Hospital Infantil Joana de Gusmão, Casa da Criança, Conselho Tutelar de Florianópolis, entre outras entidades que cuidam de crianças carentes ou em tratamento hospitalar.

Durante pelo menos oito meses, a quadrilha ganhou dinheiro de pessoas que queriam ajudar meninos e meninas em situação de vulnerabilidade. De acordo com integrantes do grupo, que se apresentava como os “Mensageiros do Amor”, eles até fizeram em algumas instituições da cidade apresentações teatrais consideradas por eles como “terapia do riso”, mas nunca doaram de fato o dinheiro recolhido no trânsito e nos ônibus. De acordo com depoimentos prestados à polícia, o líder Percival faturava cerca de R$ 60 mil mensais. Um funcionário do condomínio com piscina na Praia Brava onde Percival alugou um apartamento contou que o líder dos palhaços costumava frequentar os melhores restaurantes do Norte da Ilha.

A polícia pretende capturar Percival e Rita também porque, conforme pessoas aliciadas para ingressar no grupo, o casal disse que pretendia expandir os “negócios” na próxima temporada de verão. Segundo integrantes, o casal tem a intenção de contratar mais funcionários para vender cartões em novos bairros de Florianópolis, além daqueles em que atuavam até a polícia descobrir o suposto golpe e abrir o inquérito, na quarta-feira.

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Depoimentos na Capital

Quatro integrantes da quadrilha dos palhaços deram depoimento na 1a DP da Capital. Todos disseram à polícia que não sabiam do golpe. Com base nos relatos, o delegado que preside o inquérito Arilton Zanelatto, confirmou que se trata de golpe e descobriu como o líder contratou os vendedores.

O casal Percival e Rita de Souza trouxe de São Paulo duas moças e um rapaz para vender os cartões e fazer as apresentações teatrais. O casal alugou um apartamento para morar com o grupo.

Com o tempo, Percival contratou mais gente na cidade e alugou um segundo apartamento no Norte da Ilha para hospedar os novos integrantes. De acordo com a polícia, os vendedores contaram que o casal os levava aos pontos de venda, de manhã, buscava na hora do almoço e depois os deixava em outros pontos à tarde.

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– As pessoas que prestaram depoimento disseram que cada um ganhava um bolo de cartão e deveriam dizer aos compradores que o dinheiro seria distribuído para entidades que cuidam de crianças. Eles eram orientados a vender cada cartão por, no mínimo, R$ 2 – disse o delegado Zanelatto.

Os vendedores contratados em Florianópolis foram abordados na rua, durante a venda dos cartões pelo grupo de São Paulo, e indicados por algum integrante já contratado.