As polícias Civil e Militar de Joinville, principais órgãos de prevenção e repressão ao crime, querem a participação da população para diminuir a sensação de insegurança. Além de relatos de vítimas que enfrentaram momentos de violência em assaltos e sequestros-relâmpagos, a reportagem mostrou que essa sensação de insegurança reflete no bolso do cidadão e nem sempre aparece nas estatísticas oficiais.
Continua depois da publicidade
– A gente percebe que crime migra de um lugar para outro. Se as autoridades estão atuando no combate a um tipo de delito, como ocorreu no fim do ano com os furtos, os bandidos obviamente migram. Agora tem aumentado o número de roubos – diz o comandante do 8o Batalhão da Polícia Militar, Adilson Moreira.
Segundo ele, a participação da população no combate ao crime, dando informações sobre quadrilhas ou mesmo alertando a PM sobre o uso de drogas em locais públicos, é fundamental.
– Nosso setor de inteligência trabalha o tempo todo. E temos notado que sempre tem alguém de fora atuando – afirma Moreira, lembrando que a população deve, além de manter uma atitude preventiva, denunciar todo e qualquer ato ou agente suspeito.
Continua depois da publicidade
Para o delegado regional Dirceu Silveira Júnior, a responsabilidade deve ser compartilhada por todos.
– É um dever do Estado, sim (dar segurança). Mas também é responsabilidade do cidadão. Está na Constituição – ressalta.
Segundo ele, a sensação de insegurança tem sido combatida com prisões, desarticulação de quadrilhas e investigação policial. Mas a instituição ainda sofre com falta de policiais e, por isso, precisa da ajuda da população.
Continua depois da publicidade
“A COMUNIDADE PRECISA SE ORGANIZAR”
Há 14 anos lutando pela formação dos conselhos comunitários de segurança (Consegs) em Joinvile, Sílvia de Aguiar Zavatini, que atualmente preside a Aconseg, entidade que reúne todos os 11 conselhos da cidade, tem uma opinião firme sobre o assunto:
– Não dá mais para cada um tratar a sua dor. A dor é da sociedade. As polícias, que têm suas dificuldades, devem agir. Mas a comunidade precisa se organizar – diz.
Segundo ela, a sensação de insegurança descrita pelas vítimas tende a ser maior em locais onde as pessoas ficam isoladas.
Continua depois da publicidade
– O crime é organizado e a comunidade precisa fazer o mesmo. A experiência mostra que onde os vizinhos são unidos, há mais segurança. O pensamento de fechar portas e janelas e achar que está seguro não vale mais – afirma Sílvia.
Na avaliação da presidente da Aconseg, esta também é a maneira mais eficiente de buscar ações efetivas das polícias Civil e Militar.
A BOLA DA VEZ É O COSTA E SILVA
Segundo a presidente da Aconseg, Sílvia de Aguiar Zavatini, a “bola da vez” da segurança pública em Joinville é o bairro Costa e Silva, entre as zonas Norte e central da cidade. A região é uma das importantes ligações com a BR-101 e o Distrito Industrial.
Continua depois da publicidade
– Há alguns anos, ninguém do bairro se sentia inseguro. Mas o que houve foi um isolamento. O crime tem duas coisas preciosas que as pessoas de bem não têm: paciência e tempo. E ele se deslocou para lá – reforça ela, lembrando as últimas ocorrências.
Em menos de duas semanas, houve arrombamento de lojas, pelo menos dois assaltos a panificadoras e sequestro-relâmpago, com troca de tiros entre bandidos e a polícia. Para reverter essa onda de medo, os moradores estão empenhados em montar um Conseg no bairro. Uma diretoria provisória já está montada e a mobilização tem atraído os moradores.