A Polícia Civil considera concluída a investigação sobre a morte do publicitário Lairson José Kunzler, 68 anos, durante um assalto na zona sul de Porto Alegre, em 24 de fevereiro. O inquérito será remetido nesta sexta-feira à Justiça, com indiciamento de pelo menos cinco pessoas. Zero Hora confirmou que dois deles são Jaerson Martins de Oliveira, 41 anos, conhecido como Baro, e Rogério Laurentino, o Madruga. Ambos tiveram a prisão temporária solicitada e foram presos, mas ainda não tinham sido indiciados. Jaerson, no entanto, acabou solto porque conseguiu um álibi: filmagens que o mostram trabalhando, como motoboy, no horário do roubo que resultou no assassinato do publicitário.

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Pois a delegada Áurea Regina Hoeppel, titular da 6ª Delegacia da Polícia Civil (Vila Assunção) e responsável pelo inquérito, garante que os álibis dos dois eram falsos e eles estavam no crime. Ela se baseia em 54 horas de gravações de imagens de câmeras de segurança do banco onde Kunzler retirou dinheiro (cerca de R$ 44,2 mil) e do condomínio onde ele morava e onde foi morto durante o assalto.

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As filmagens mostram o publicitário entrando no banco e sendo seguido por um olheiro da quadrilha, que seria Laurentino. A seguir, as câmeras de segurança espalhadas pelas casas comerciais e da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) mostram o veículo da vítima sendo seguido por uma Scenic e uma moto. Kunzler foi atacado no portão do condomínio onde morava. O bandido fugiu na carona da moto e, algumas quadras depois, trocou de veículo. Uma testemunha, ouvida pelos policiais, reconhece Jaerson como o criminoso que estava, armado, na motocicleta.

Investigado foi solto após apresentar álibi

Jaerson chegou a ser preso pelo assassinato de Kunzler, em 13 de março. Ele cumpre pena no albergue prisional Fundação Patronato Lima Drummond, bairro Teresópolis, por assalto (com direito a trabalhar na rua). Acabou solto porque apresentou imagens que o mostravam no serviço, na hora do crime – material que a Polícia mandou periciar, porque duvida do álibi.

Jaerson é um criminoso experiente. Em dezembro de 2004, esteve envolvido na morte do advogado Geraldo Diehl Xavier, à época com 37 anos, que foi vítima de “saidinha de banco”, o mesmo golpe aplicado no publicitário, que consiste em observar as vítimas dentro das agências e atacá-las em seguida, na rua. Foi condenado por isso e deve ganhar regime condicional apenas em 2016. Agora a Polícia vai pedir mais uma vez sua prisão.

Outro suspeito também tem antecedentes

Já Rogério Laurentino, que também tem antecedentes por assalto, apresentou, em entrevista a Zero Hora, um álibi para o dia da morte de Kunzler. Ele assegura que foi buscar o filho no colégio e, depois, foi a um supermercado, ambos em Eldorado do Sul, na hora em que estaria acontecendo o assalto ao publicitário. Laurentino até concordou em posar para fotos, para mostrar que não é o bandido procurado pela Polícia Civil. Os dois são grisalhos, só que o suspeito de ser “olheiro” da quadrilha, cujas imagens foram gravadas pelo banco, parece ser mais baixo e com mais peso. Laurentino se apresentou à Polícia Civil e está preso, cumprindo a prisão temporária.

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A Polícia Civil deve indiciar pelo menos três outros homens pelo latrocínio de Kunzler. Um deles, Samuel Goulart Borba, foi assassinado com três tiros em 27 de abril, num confronto em Porto Alegre. Os policiais investigam se isso está relacionado ao assalto contra o publicitário ou não.

A delegada Áurea diz que, entre outras provas, há rastreamento de telefonemas feitos que comprovam o crime.