Após ouvir o único suspeito pela morte do publicitário Lairson José Kunzler, 68 anos, ocorrida na tarde de segunda-feira, em Porto Alegre, a delegada Áurea Regina Hoeppel, da 6ª Delegacia da Polícia Civil da Capital, descartou a participação dele no crime.

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O homem, que prestou depoimento na delegacia, foi identificado por meio de impressões digitais encontradas no veículo da vítima. A delegada afirmou que, embora tenha sido encontrada uma digital dele, todas as outras provas técnicas não bateram.

Ele conseguiu comprovar que manobrou o veículo da vítima no estacionamento onde trabalha, mostrando um tíquete que registra a passagem da vítima pelo estabelecimento. Desta forma, a investigação se volta para a identificação de novos suspeitos. Coletas de digitais devem ser realizadas pelo Instituto-geral de Perícias (IGP).

Na quarta-feira, a delegada pediu à Justiça a prisão temporária do homem que atacou Kunzler a tiros para roubar R$ 44.250,00 quando ele chegava em um Civic em frente à portaria do condomínio onde morava no bairro Cavalhada, na zona sul da Capital.

Aurea também solicitou autorização para fazer buscas e apreensões. Tanto o nome do suspeito como os locais das buscas são mantidos em sigilo.

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Vítima era observada por “olheiro”

O suspeito de matar Lairson José Kunzler era caroneiro de uma motocicleta usada para perseguir o publicitário após ele deixar uma agência do Itaú, no bairro Moinhos de Vento, onde recebeu dinheiro referente à venda de uma fazenda da família, no limite entre Porto Alegre e Viamão.

O publicitário não era correntista, mas foi até o banco para trocar cheques por dinheiro. Não havia data prevista para esse pagamento, mas Kunzler teria sido avisado de que a quantia estaria disponível no final da manhã de segunda. Ele também estaria portando outros cheques os quais foram sustados para que não pudessem ser descontados pelos criminosos.

A polícia sabe que a vítima era observada por um “olheiro” dentro do Itaú que viu Kunzler ser atendido em um setor à parte da agência, utilizado para saques de valores mais elevados, porém perceptível a quem presta atenção à rotina de atendimentos no banco. O olheiro estaria em uma fila e abandonou o local antes de ser atendido.

O publicitário

Foto: Dulce Helfer, Agência RBS

Conhecido pelo temperamento afável, Lairson José Kunzler, 68 anos, era vice-presidente de relações com o mercado da agência de publicidade Paim, onde era sócio desde 2001. Ingressou na empresa a convite de outros dois sócios, Marcus e Cesar Paim, que o conheciam desde o tempo em que trabalhavam em outra agência da Capital, a Escala, que tinha como cliente a revenda Volkswagen GaúchaCar, criada pelo pai de Lairson, Selvino.

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Foi no varejo de automóveis que Lairson iniciou a vida profissional. Formado em administração de empresas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), ajudou o pai e irmãos a gerenciar outros negócios familiares como a revenda Fiat Jardim Itália, as locadoras de veículos Auto Locadora Gaúcha e Locarauto, assim como a concessionária de motocicletas GaúchaCross, da marca Honda.

– Foram pioneiras na locação de veículos no Rio Grande do Sul e na GauchaCar ao abrirem também à noite. Era uma pessoa muito afável – relembra o empresário Humberto Ruga.

A partir de sua atuação na Paim, Lairson Kunzler também ganhou destaque em entidades representativas do setor. Era diretor da Associação Riograndense de Propaganda (ARP) e do Sindicato das Agências de Publicidade do Rio Grande do Sul (Sinapro-RS).

– Era uma pessoa muito querida no mercado publicitário e tinha muitos amigos. Talvez um dos seus maiores prazeres era almoçar e jantar com amigos. Também era muito apegado à família. Uma figura doce, um cara de bom astral – recorda o diretor de marketing e novos negócios da Paim, João Batista de Cabral Melo.

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Lairson Kunzler deixa a esposa Moema e os filhos André, Luciana e Patricia.