Por pelo menos dez anos, empresários, engenheiros, técnicos, ambientalistas e especialistas em saúde de Joinville participaram de uma discussão que saiu das ruas e ganhou os tribunais: o reúso da areia de fundição, principal resíduo da atividade siderúrgica.

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De um lado, o grupo que considera que a areia não pode ser usada para outros fins, já que é classificada como um resíduo de classe 2, ou seja, com resquícios de metais pesados e substâncias tóxicas.

De outro, as empresas que garantem que não há risco, já que as substâncias estão presentes em quantidades insignificantes, tanto para a água, quanto para o ser humano.

Durante muitos anos, a areia foi usada na construção civil e repassada para outras áreas da indústria. Mas os questionamentos sempre foram muito fortes.

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Coube ao Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema), em setembro de 2008, criar algumas normas, em uma resolução que permitia alguns usos e classificava melhor os aterros que se formavam com os resíduos das metalúrgicas, usinas e fundições.

O estudo da química Raquel Carmin, apresentado na Universidade Federal do Paraná (UFPR) também está no meio da polêmica. A pesquisadora e técnica da Tupy de Joinville, chegou à conclusão de que o uso da areia de fundição em revestimentos asfálticos é uma medida eficiente para isolar qualquer metal tóxico.

E reforçou, principalmente, o argumento de que deixar o material em aterros, sob os efeitos dos fenômenos climáticos, pode ser muito mais prejudicial ao meio ambiente.

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O jornalista Leonardo Morelli, como integrante da Defensoria da Água, entidade ligada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), foi uma das vozes mais contundentes contra o reúso.

Em Joinville, a polêmica ganhou mais força em 2010, com o uso das areias de fundição para a produção de pavers que seriam usados na pavimentação da calçada do 62º Batalhão de Infantaria (62BI). A autorização do uso pela Conurb (atual Ittran) e pela Prefeitura foi baseada na resolução do Consema, emitida dois anos antes.

Em setembro de 2013, a polêmica ganhou um novo capítulo, com a entrega da resolução nº 26/2013 do Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema), que aumenta ainda mais as possibilidades de reúso na produção de concreto asfáltico, artefatos de concreto, assentamento de tubulações, cobertura diária em aterros sanitários e industriais; base, sub-base e reforço de subleito para execução de estradas e rodovias (incluindo vias urbanas) e cerâmica vermelha.

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