O governo comemorou na quarta-feira a primeira parte do julgamento do Supremo Tribunal Federal, com a maioria dos ministros favorável a tornar réu o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), mas ainda há apreensão no ambiente. Auxiliares da presidente Dilma Rousseff temem a vingança de Cunha, que já pôs em marcha uma pauta-bomba para aumentar gastos do governo em um momento em que as finanças estão anêmicas e o ajuste fiscal é prioridade para acertar contas.

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No Planalto, o comentário era de que, com Cunha inaugurando o banco dos réus da Lava-Jato, o Supremo terá de decidir o mais rápido possível por seu afastamento do comando da Câmara, porque, se demorar ou não for esse o veredicto, Dilma terá muitos problemas.

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Embora o calvário de Cunha enfraqueça muito o processo de impeachment contra a presidente, o governo avalia que enfrentará retaliações a curto prazo, e prefere manter cautela. Para o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, não há vinculação direta entre o impeachment e a situação de Cunha.

– Nós estamos trabalhando para melhorar a economia e a política, isso sim – afirmou.

Depois de muitas negociações, o Planalto conseguiu adiar a votação do projeto do deputado Esperidião Amin (PP-SC) que altera a metodologia de cálculo da dívida dos Estados com a União. A proposta integra a pauta-bomba, e, se for aprovada, o governo pode ter uma perda de R$ 300 bilhões.

Dilma sabe que, em ano de eleições municipais e fraturas na base aliada, todos querem aumentar despesas. Diante desse quadro, o diagnóstico reservado do governo é que ter um presidente da Câmara processado por corrupção, mas ainda no comando da Casa, é um perigo para a presidente.

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