Maquiagem, peruca, vestido, salto-alto, enchimentos: as cinquentenárias Piranhas do Saldanha prometem fazer, neste domingo em São José, uma festa ainda maior que a dos últimos anos. O bloco de rua mais desinibido da Grande Florianópolis não tem regras nem cobra nada dos foliões, mas a estética do ridículo é praticamente uma lei implícita. Como defende o organizador Bruno César de Faria, “quanto mais esculhambado, melhor”.
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Embora tenha sido criado em 1961, esta é a primeira vez que o Piranhas faz parte da programação oficial do carnaval de São José. Na época da criação do bloco, jovens de Barreiros resolveram se vestir de mulher para festejar pelas ruas do bairro. A falta de planejamento – o bloco tinha só o início e o fim definidos, no extinto Armazém do Valentim – rendeu o apelido de “Lufa-Lufa”, que significa cansaço, correria e desorganização.
Impressionados com o sucesso do bloco durante a década de 1980, membros da sociedade josefense levaram a folia para o bairro Bela Vista e transformaram a antiga bagunça em escola de samba – a já extinta Acadêmicos do Samba Lufa-Lufa. Mas nem todo mundo quis saber da organização: os que preferiram ficar na rua rebatizaram o grupo de Piranhas do Saldanha, em homenagem ao clube Saldanha da Gama, com sede em Barreiros.
O funcionário público Bruno César de Faria, 34 anos, atual organizador do bloco e conhecedor da história do bairro, assumiu o comando do bloco em 2009. Ele conta que, antigamente, ninguém precisava encabeçar a folia; ela simplesmente acontecia. Com o fechamento do Armazém do Valentim em 2007, todos ficaram confusos e o bloco minguou. O carnaval do ano seguinte foi um dos mais tristes que Bruno de Faria consegue se lembrar:
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– Havia umas 30 pessoas e ainda choveu bastante no meio do trajeto. Antigamente, as pessoas sabiam onde a festa começava, não precisava de organização. Depois do carnaval de 2008, resolvemos nos engajar melhor para impedir que o bloco morresse, e conseguimos – explica Faria.
Crianças, desfile e Rainha das Piranhas
A concentração dos foliões começa às 12h, mas o ponto alto da festa é o desfile marcado para as 17h – tempo de sobra para os marmanjos beberem, se soltarem e perderem o constrangimento em usar salto-alto, meia arrastão e batom em cima de uma passarela. Qualquer um pode se inscrever no desfile que escolherá a Rainha das Piranhas do Saldanha, mas Bruno de Faria adverte: não adianta se esforçar para ficar bonito.
– Minha esposa me ajuda a me arrumar e vive falando que eu devia trocar de vestido todo ano, mas eu sou contra. A graça é ir o mais avacalhado possível.
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Até as crianças arranjaram espaço dentro da festa. Faria calculou cerca de 15 no Piranhas de 2013, mas imagina que o número aumente expressivamente este ano. O trunfo do bloco é um novo concurso, voltado apenas aos menores. O menino que melhor entrar no clima garante um título tão esculhambado quanto o resto da festa: Piavinhas do Saldanha.
Piranhas do Saldanha
Onde: Esquina da rua Moura com a Leoberto Leal
Quando: Neste domingo, dia 2 de fevereiro, à tarde
Concentração: a partir das 12h
Desfile: a partir das 17h, mas sem hora para terminar
Arrastão pelas ruas do bairro: logo após o desfile