O baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2013 reflete os erros da política econômica do governo Dilma e pouco tem a ver com as turbulências que marcaram o cenário internacional no ano passado. Esta é a avaliação do professor de Economia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Marcelo Portugal.

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Alta nos investimentos pode ser bom sinal para economia brasileira; leia análise

O resultado divulgado na manhã desta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que em 2013 o Brasil cresceu 2,3%, acima do 1% registrado em 2012, mas bem distante dos 7,5% registrados em 2010.

A saída de investimentos estrangeiros que estavam no país em 2013 e as oscilações no mercado cambial causadas principalmente pela expectativa que o Banco Central dos Estados Unidos retirasse os estímulos mensais que dá à economia americana, tiveram pouco efeito no resultado do PIB brasileiro, afirma o economista.

– A economia brasileira ainda é muito fechada. Não somos como o Uruguai, por exemplo, que vive basicamente do que vende para fora. O fator externo tem pouca influencia aqui. Nosso problema principal é de oferta e não de demanda – afirma.

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Portugal lembra que o presidente Lula também enfrentou turbulências no mercado internacional durante o segundo mandato quando uma crise financeira se espalhou pelos Estados Unidos e pela Europa.

O especialista critica a postura do governo de tentar transformar o Estado em indutor da economia aumentando os gastos públicos em vez de tentar estimular a iniciativa privada a investir mais. O que impede que o Brasil tenha taxas de crescimento maior, de acordo com o economista, são problemas estruturais, poucos combatidos pelo Planalto, que tem impossibilitado aumento na produção de forma mais consistente.

– Não basta ter gente disposta a consumir. É preciso ter trabalhadores qualificados, estradas e aeroportos que facilitem a produção. Pouco avançamos nesse aspecto e o resultado disso é inflação – diz.

Investimento cresce, mas ainda está abaixo do ideal

O resultado mais positivo nos dados divulgados pelo IBGE, segundo o economista, é o aumento na Formação Bruta de Capital Fixo (investimentos), que cresceu 6,3% em relação a 2012. Mesmo assim, lembra, o valor investido é abaixo do esperado. Em 2013, investimentos corresponderam a 18,5% do total do PIB.

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– É muito pouco. Para um crescimento maior seria preciso ter uma taxa de investimento acima de 20%. A China, que cresceu 7,7% investiu quase 40% do PIB – afirma.