A boa surpresa do desempenho da economia no último trimestre, de crescimento de 0,7% frente a expectativas que rondavam entre 0,1% e 0,3%, está associada a outra hipótese de sinal positivo no boletim de comportamento da atividade no país, também inesperada. No ano passado, a expansão do indicador atrelado ao investimento, que atende pelo complicado nome de “formação bruta de capital fixo”, de 6,3%, foi quase o triplo do aumento no consumo das famílias.
Continua depois da publicidade
PIB brasileiro é o terceiro mais alto do mundo em 2013, veja gráfico
Muitos críticos do modelo de desenvolvimento do Brasil atribuíram ao excesso de foco no consumo a origem da dificuldades que o país enfrentou para fazer sua economia decolar. Alimentado por crédito fácil e farto, os gastos dos cidadãos tropeçaram na inadimplência e encontraram limites tanto no orçamento doméstico quanto na própria satisfação da chamada demanda reprimida – depois que compram o primeiro carro, a primeira geladeira, o primeiro ar-condicionado, as famílias fazem uma parada técnica.
Ainda é cedo para garantir que o avanço de 6,3% no dado que reflete produção interna de máquinas e equipamentos será a mudança de motor tão desejada pelos brasileiros, até porque a desconfiança dos empresários, que apertam o botão desse indicador, só fez aumentar nos últimos meses. Mas se há dados alentadores no eletrocardiograma da economia do país, esse é um dos principais.
E não se pode desmerecer o fato de que, embora desacelerado, o aumento no consumo das famílias tenha alcançado a primeira década completa de ascensão, comportamento refletido pela primeira vez na história documentada do indicador.
Continua depois da publicidade