No Laboratório de Neurometria e Biofeedback, entre corredores estreitos de um dos prédio mais antigos da Universidade Federal de Santa Catarina em Florianópolis, o professor Odival Cezar Gasparotto segura a cabeça de Asdrubal, um boneco com 20 eletrodos conectados que serve de exemplo para explicar a técnica estudada pelo professor e que ajuda a combater o estresse e suas complicações. De certo modo, Asdrubal tem sorte de não ser humano e evitar os estresses da vida. Não tem traumas, reclamações, medo, ansiedade e muito menos depressão. Complicações da vida humana e que a pesquisa de Gasparotto tenta entender e reduzir.
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Chamada de biofeedback, a técnica já é conhecida há mais de 40 anos, mas as pesquisas sobre suas possibilidades e desenvolvimento ainda são rasas no Brasil. O trabalho consiste em uma análise da frequência de ondas emitidas pela nosso cérebro e no treinamento para que elas sejam melhores reguladas, em uma técnica de autocontrole. Ainda com a cabeça de Asdrubal na mão, Gasparotto fala de ondas alfa, beta, frequências, reflexos, estresse. É possível imaginar as conexões explodindo dentro da mente do professor que por fim consegue resumir o estudo.
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— Nós analisamos a frequência de um cérebro e comparamos com o cérebro padrão. Ficam evidentes as alterações consequentes do estresse na atividade cerebral e então sugerimos trabalhar estímulos para que a mente incorpore respostas nesses pontos onde há atividade acima ou abaixo da média — explica o professor
O boneco Asdrubal não tem problemas, mas está ainda mais distante de viver a felicidade e os prazeres humanos. Inanimado, ele apenas serve de exemplo e de suporte para a touca de eletrodos do professor Gasparotto. Mas a técnica pode permitir estar mais como Asdrubal em relação ao estresse e também mais tranquilo à beleza humana. A partir do treinamento da mente, realizado em sessões onde o indivíduo é estimulado a modificar a atividade cerebral nos pontos específicos relacionados ao estresse, a mente incorpora essa resposta e se condiciona a trabalhar em um estado mais “saudável”. É o desenvolvimento de autocontrole, às vezes natural ou às vezes acionado por um processo de condicionamento.
— A mente irá priorizar sensações prazerosas e à medida que há um resultado de bom, essa ação ficará gravada e poderá ser “usada” em um momento de estresse — sugere o professor.
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Projeto precisa de voluntários
A pesquisa realizada no Lanebi da UFSC já trabalhou com cerca de 40 pessoas que apresentavam algum problema originário de estresse e agora realiza sessões periódicas com outros seis. Para os indivíduos que seguem no treinamento, são necessárias entre 10 a 30 sessões para ter alguma resposta efetiva. Após cada sessão, a equipe, formada pelo professor e dois estudantes, analisa minunciosamente dados e reações das mentes. Mas o projeto também precisa de voluntários para montar a base normativa de dados – informações de cérebros padrão, que não apresentam distúrbios.
— A nossa base quanto maior melhor. Quanto mais análises tivermos, mais rica serão informações de referência — destaca o professor.
Quem tiver interesse em passar por uma análise da atividade cerebral deve buscar o Lanebi e reservar 2h30min para mapeamento. Quando os dados estiverem organizados, uma visita de 30 min rende informações sobre a mente e curiosidades de algumas características de seu funcionamento e porque cada um é como é.
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Serviço
Para se candidatar ao mapeamento voluntário e deixar os dados para a pesquisa é preciso procurar pelo Lanebi, preencher um formulário e marcar um dia para análise. A sessão dura 2h30min.
Laboratório de Neurometria e Biofeedback (Lanebi)
email: lanebi.nf@gmail.com