Faltando cinco semanas para o primeiro turno das eleições, os candidatos que disputam cargos em Santa Catarina precisam enfrentar um adversário a mais na conquista do voto: o desinteresse do eleitor. Pesquisa Ibope contratada pelo Grupo RBS mostra que 56% dos catarinenses dizem ter pouco ou nenhum interesse pela disputa política de 2014.
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::: Confira os números

Os números apresentam um ligeiro aumento do interesse em relação à pesquisa anterior, realizada na metade de julho, quando quando os pouco ou nada interessados somavam 57% – variação que está dentro da margem de erro da pesquisa, de três pontos percentuais para cima ou para baixo. Entre uma pesquisa e outra, aconteceram fatos com potencial de despertar a apatia do eleitorado, como a comoção pelo acidente aéreo que matou o presidenciável Eduardo Campos e sua substituição por Marina Silva (PSB), o início do horário eleitoral gratuito e a própria intensificação da campanha eleitoral nas ruas – com suas placas, bandeiras e comícios.
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Os números impressionam, mas cientistas políticos avaliam que o interesse tende a aumentar na reta final da campanha. Eduardo Guerini, do Centro de Ciências Sociais e Jurídicas da Univali, aponta que a indiferença e o número de indecisos pode levar a mudanças no quadro eleitoral na reta final da disputa.
– As pesquisas estão apontando algo que é tátil. As últimas eleições tem sido caracterizadas pela decisão dos eleitores nos últimos 15 dias e, às vezes, até na hora do voto _ afirma.
Jacques Mick, do departamento de Sociologia Política da UFSC, estranha os altos índices de desinteresse nesta altura da campanha. Aponta que pode ter relação até com a própria apresentação da pergunta no questionário do Ibope, mas admite um possível contexto político local.
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– É um número estranho, porque o Brasil vive um forte polarização política, tanto pela disputa PT e PSDB, quanto pela hipótese Marina. Há tempo o Brasil não vivia uma eleição tão disputada. Talvez tenha a ver com a disputa estadual, que até o momento não apresentou uma forte disputa – avalia Mick.
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A apatia não tem gênero definido: o desinteresse foi explicitado por homens (55%) e mulheres (56%). As variações são maiores quando a pesquisa Ibope diferencia escolaridade e renda. O maior desinteresse (64%) foi registrado entre os eleitores que estudaram até a quarta série do ensino fundamental: 64%, sendo 29% pouco interessados e 35% nada interessados. O grau de desinteresse continua alto entre os eleitores que estudaram até oitava série (59%) e de ensino médio (52%). Há interesse maior entre os eleitores com ensino superior: 53% deles declararam médio ou muito interesse pelas eleições de outubro.
O corte é semelhante quando envolve a renda dos pesquisados pelo Ibope. Enquanto 61% dos eleitores que ganham até dois salários mínimos dizem ter pouco ou nenhum interesse pela eleição, 56% dos que têm renda superior a cinco salários se declararam médio ou muito interessados.
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