A temporada de pesca da tainha – que já não estava boa – terminou ainda mais cedo para um grupo de pescadores artesanais da praia dos Ingleses, em Florianópolis. Quando chegaram para trabalhar, no início da manhã desta quinta-feira, foram surpreendidos pela rede em chamas dentro do barco “Vai com Deus II”. Feita de plástico, grande parte da rede derreteu, e não há mais tempo nem dinheiro para adquirir uma nova. Parte da estrutura do barco também queimou. Somando tudo, houve um prejuízo estimado em R$ 40 mil, afirma o capitão Manoel dos Santos.
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O pescador Francisco Grapi, 64 anos, conta que chegava na praia por volta das 5 horas quando viu de longe as chamas. Saiu correndo e acordou mais dois colegas que dormiam no rancho, e com baldes e água do mar os homens conseguiram conter o fogo, porém o estrago na rede foi inevitável:
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– Levamos uns 15 minutos para darmos conta de tudo, se tivesse demorado mais acho que tinha queimado toda a canoa também – disse Francisco.
A canoa de um pau só, modelo que já não é mais produzido, tem mais de 80 anos e pertence à família de dona Laureci Alves do Santos há muitas gerações. O marido era pescador, mas hoje está doente, por isso a senhora fez um acordo com Manoel para ele cuidar do barco e dividem os lucros, que em 2014 não vieram.
É com aflição e tristeza que Manoel acompanhava da areia outros colegas pescadores cercando um cardume na tarde de quinta. Pelo acordo feito entre os ranchos e a posição das tainhas, o “Vai com Deus II” teria preferência, mas sem rede e com avarias, fica impossível entrar no mar. Só restou a Manoel ficar assistindo o pequeno lanço, de apenas 72 tainhas, que seria dividido entre o dono do barco e os homens que ajudaram a puxar a rede:
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– Só resta ficar olhando. Alguns foram ajudar a puxar a rede, mas como veio pouco só recebem peixe pelo serviço. A dona do barco vai tentar trazer outra rede, vamos esperar – disse Manoel.
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Pescadores acreditam em incêndio criminoso
Pescador desde os 14 anos, Manoel destaca que este não é o primeiro caso de incêndio em redes nos Ingleses. Ele acredita que a ação seja criminosa, pois eles e os colegas viram marcas na areia do pneu de uma bicicleta e pegadas próximas ao barco. Dona Laureci já registrou boletim de ocorrência na Polícia:
– Espero que descubram quem fez isso, pois é o nosso único sustento. Todo mundo trabalha com pesca na família, e este ano já esta muito ruim – lamentou.
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A investigação está a cargo do delegado Alexandre Carvalho, da 8ª Delegacia de Polícia dos Ingleses. Ele explica que peritos já estiveram no local e agora segue o trabalho de investigação, com o pedido das imagens de segurança de prédios próximos.