Ricardo Luiz Chaves, 35, foi acordado com um “berreiro” por volta das 23h30min no último 29 de outubro, quando batia um forte vento Norte na Ilha de Santa Catarina. Ele já dormia em sua casa no Saco dos Limões, em Florianópolis, quando amigos vieram avisar que 13 ranchos haviam sido tomados pelo fogo na Baía Sul. O seu era um deles.

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– Eu não acreditei. Vim correndo, fiquei até depois de 1h da manhã e por mim teria ficado mais, mas nada podia ser feito. O meu rancho estava destruído. Se tivesse vento Sul, como tem hoje, aqueles três também teriam sido torrados – arrisca, ao apontar para as estruturas que resistiram às chamas.

Junto da esposa, Luciane Aparecida Pereira, 42, Ricardo olha para o empilhado de tijolos e madeira queimados remanescentes da estrutura que possuem há 10 anos. O espaço, que é da União, foi cedido na ocasião à prefeitura de Florianópolis. O município, por sua vez, autorizou a permanência de dezesseis pescadores, que frequentam os ranchos principalmente aos fins de semana, quando pescam, limpam e fritam espadas, papa-terras e até linguados ali mesmo.

?- Faz uma semana que ele não dorme direito. Se mexe muito à noite. É um valor sentimental muito grande. Os amigos dizem que vão reconstruir por causa dele – conta Luciane, que complementa a renda da pesca e dos serviços de pedreiro do marido com faxinas.

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Segundo o Major Elton de Souza, comandante do 1° Batalhão de Bombeiros Militar de Florianópolis, um perito foi ao local na manhã da sexta-feira seguinte, 30 de outubro, mas que ainda é muito cedo para apontar as causas do incêndio. O laudo pericial demora em média 30 dias para ser concluído.

Cenário é de destruição onde 16 ranchos de pescadores existiam, na Baía Sul. Foto: Marco Favero/Agência RBS

Reconstrução

Mesmo com as chuvas e o vento que abatem Florianópolis, os ranchos tomados pelo fogo ainda guardam forte cheiro de queimado, mas também de peixe podre, dos refrigeradores que haviam no local. Também se acumulam restos de rede, roupas e até colchões nos escombros.

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Para mudar o cenário, os pescadores precisam de ajuda. Ricardo estima que tenha perdido entre R$ 15 e R$ 20 mil, mas há quem arrisque menos e até quem fale em R$ 40 mil.

– Eu tinha dois motores e uma embarcação novinha ali dentro. Fora as miudezas de redes, bujão de gás… – calcula o pescador.

– Perdi redes, tarrafas e um botezinho. A cobertura também foi pro chão, tive que colocar uma lona. Fiz orçamento para reformar lá se vão R$ 8 mil, mas estou desempregado, tendo que me virar só com a tarrafinha – diz, desanimado, Claudir Althaus, que veio do Meio-Oeste de Santa Catarina para Florianópolis em 1992.

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Telhas, madeiras e redes de pesca ajudam no recomeço. Quem quiser contribuir, pode entrar em contato com Ricardo pelo telefone (48) 9936-7826 ou com Marquinhos, que preside o aglomerado de ranchos, (48) 8843-2408.

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