_Fiquei agarrado na boia. Abracei a boia, passei o cabo pelo braço e o mar foi me levando de “rolo” (com a correnteza) _ foi assim que o pescador de Penha, Robson Luiz de Souza, 29 anos, conseguiu sobreviver ao seu terceiro naufrágio na segunda-feira à tarde próximo a Ilha dos Lobos, em Laguna, no Sul do Estado. O pescador permaneceu à deriva por seis horas, até ser levado pela correnteza para a Praia de Itapirubá, em Imbituba.

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_ Fiquei até às 20h na praia. Foi quando pedi socorro, pedi para ligarem para a polícia e para os bombeiros para avisarem as nossas famílias _ conta.

Era por volta de 15h de segunda, quando Robson e os companheiros Gabriel Anacleto, 24 anos, e Messias Claudiano, 37 anos, tentavam retirar o lado direito da rede de arrasto em meio a um mar revolto, quando foram surpreendidos por uma onda grande que virou o barco em que eles estavam.

_ O Messias eu perdi de vista no primeiro momento. O Gabriel eu ainda peguei o braço dele, puxei para cima, mas não deu mais tempo de fazer nada _ lembra Robson, antes de começar a chorar.

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Era a segunda vez que os três moradores do bairro Santa Lídia, em Penha, saiam para pescar juntos. Dos três, Robson era o mais preparado, pescava há 11 anos e sabia nadar. Messias, que era cunhado dele, havia confidenciado que não nadava e Gabriel era o mais jovem e menos experiente.

Antes de irem para alto-mar, onde ficaram por seis dias, o pai de Gabriel, que também é pescador, os aconselhou a não irem para mar aberto pressentindo que algo ruim poderia acontecer, disse Robson.

Os corpos de Messias e Gabriel foram encontrados na manhã desta terça-feira pelos bombeiros militares de Imbituba também na praia de Itabirubá. O barco Jeová Jiré, que, segundo Robson, pertencia a Gabriel, naufragou após virar e até o início da noite de ontem, ainda não havia sido encontrado pela Capitania dos Portos de Laguna. (Colaborou Douglas Márcio)

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Sobrevivente vai prestar depoimento

O capitão-tenente da Marinha, Rodrigo Fernandes Alonso, informou que a Delegacia da Capitania dos Portos de Laguna instaurou inquérito para investigar as circunstâncias que causaram o acidente.

_ Seria prematuro dizer qual foi a causa, mas sabemos que as condições do mar não eram boas. Robson é a única testemunha que vai poder relatar tudo o que ocorreu _ disse Alonso, na tarde desta terça-feira, por telefone.

Segundo o capitão, Robson chegou a ser ouvido informalmente, logo após ser socorrido na praia, mas como estava em choque, ele vai ser chamado em um outro momento para prestar depoimento oficialmente.

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A Capitania tem até 90 dias para concluir o inquérito sobre o naufrágio.