No dia seguinte à deposição de Mohamed Mursi da presidência egípcia, as autoridades ampliaram a perseguição aos integrantes da Irmandade Muçulmana – movimento retirado do poder por uma associação do exército com forças de oposição após protestos massivos pedindo a renúncia do governo.

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Além do ex-presidente, detido na quinta-feira, foram emitidas 300 ordens de prisão contra os membros do grupo.

Mursi foi transferido durante a madrugada para a sede do Ministério da Defesa, enquanto sua equipe permanece detida em um edifício militar. Não está claro quais são as acusações contra ele. A prisão do primeiro presidente eleito democraticamente no Egito é a primeira etapa de medidas das forças de segurança, que têm fechado o cerco à Irmandade Muçulmana, movimento ao qual pertence Mursi. Os principais líderes estão nas mãos dos militares: Saad al-Katatni, Rashed Bayumi, Mohamed Badie (o guia supremo da Irmandade Muçulmana) e seu adjunto, Khairat al-Chater.

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Os serviços de segurança também interromperam as transmissões do canal da Irmandade e fez buscas nos escritórios da Al-Jazeera Mubasher, que exibiu um vídeo de Mursi após a queda do governo. O Exército suspendeu a constituição e nomeou o presidente da Corte Constitucional, Adly Mansour, 67 anos, que tomou posse ontem como presidente interino.

Mansour era vice-presidente da Corte desde 1992 e, antes, fez parte do Conselho de Estado do Egito nos primeiros anos do governo do ditador Hosni Mubarak. Foi encarregado de redigir a lei de supervisão para as eleições presidenciais nas quais Mursi foi vitorioso.

Partidários do ex-presidente chamam a “sexta-feira da rejeição”

Na Praça Tahrir, milhares de egípcios celebraram durante toda a noite a queda de Mursi, menos de três anos depois de terem festejado, no mesmo lugar, a renúncia de Mubarak, em fevereiro de 2011. Partidários de Mursi atacaram prédios públicos no norte do país e também se reuniram entre uma mesquita e vários arames farpados para protestar. Dez pessoas morreram em confrontos com as forças policiais e entre os diferentes grupos.

Desde 26 de junho, 57 pessoas morreram. Novas manifestações estão convocadas para hoje, chamadas de “sexta-feira de rejeição”.

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