Dos jornais egípcios aos principais periódicos internacionais, a polêmica sobre a legitimidade do que ocorreu na quarta-feira prevaleceu

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Al-Tahrir (Egito) – Um recado a Obama

O jornal independente Al-Tahrir, liderado pelo escritor dissidente e apresentador de TV Ibrahim Eissa, publicou a frase em inglês em sua capa: “É uma revolução, não um golpe de Estado, sr. Obama!”. O título responde a um comunicado lançado pelo presidente Barack Obama na quarta-feira expressando a “profunda preocupação” dos EUA com a derrubada de Mursi.

The New York Times (EUA) – Foi golpe

Editorial do jornal americano The New York Times afirma que, “apesar das falhas – e havia muitas”, do presidente Mohamed Mursi, sua deposição “foi, inquestionavelmente, um golpe”. “Será trágico se os egípcios permitirem que a revolução de que derrubou o ditador Hosni Mubarak termine com a rejeição da democracia”, afirma o jornal.

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The Guardian (Grã-Bretanha) – Trabalho duvidoso

“Se o exército egípcio quis disfarçar o fato de que perpetrou um golpe de Estado, não fez um bom trabalho”, ironiza o jornal britânico The Guardian em seu editorial. A publicação destaca que “ninguém no Egito sabe quem é Adly Mansour”, que se tornou “o rosto, ou, ao menos, o bode expiatório” do exército egípcio.

Financial Times (EUA) – Moral da Guerra Fria

Colunista chefe de relações exteriores do Financial Times desde 2006, Gideon Rachmann questiona a legitimidade conferida pela comunidade internacional à deposição de Mohamed Mursi. Segundo Rachmann, há um consenso de que o Egito não está preparado para a democracia e que o que ocorreu coloca o Ocidente no “caos moral da Guerra Fria”, quando os EUA se aliaram a regimes militares porque “pareciam ser a melhor alternativa”, pondera.

The Independent (Reino Unido) – Só porque é lá

Correspondente do jornal britânico The Independent no Oriente Médio, Robert Fisk ironiza questionando “Quando um golpe militar não é um golpe militar? Quando ocorre no Egito, aparentemente”. “O exército toma o poder, depõe e prende o presidente democraticamente eleito, suspende a constituição, prende suspeitos, fecha emissoras de televisão e lança seus tanques sobre as ruas da capital”, justifica Fisk.

Die Zeit (Alemanha): jogada ensaiada

O jornal alemão Die Zeit questiona se este é um golpe democrático e afirma que a ação foi encenada sabiamente, mas que a derrubada violenta de um presidente democraticamente eleito estabelece um mau precedente. Qualifica a “caça às bruxas” à Irmandade Muçulmana como “violência pura”.

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