Tenho repetido a meus colegas de Redação que fazer jornalismo não é apenas reunir notícias. Informação todo mundo sabe dar, inclusive aquela vizinha conhecida no bairro por amar uma fofoquinha. Jornalismo é conseguir se imiscuir nas comunidades em que se vive, é criar um senso de pertencimento, é se aproximar dos leitores – como mostram as páginas 4 e 5 da edição de domingo (21/7).

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A reportagem “Aos meus gêmeos, com carinho” é singela. E não é escrita por um jornalista, mas por quem vive uma emoção há 56 anos: a funcionária pública aposentada Maria Salete Rachadel. Nascida em 20 de julho de 1957, Maria Salete veio ao mundo junto com os gêmeos Pedro e Paulo.

Incomum para a época, os trigêmeos tiveram de contar com auxílio da imprensa para alimentar uma onda de solidariedade em torno dos pais pobres. Como bem ressalta a reportagem de então, reproduzida nesta pagina, os “trigêmeos nasceram num casebre”.

O senso de pertencimento do qual falo tem sido exercido ao longo dos séculos e o melhor jornalismo é feito disso. Em 1957, foi o conhecido jornalista Manoel de Menezes que viu no drama da família Rachadel uma história a ser contada para o Estado.

Maria Salete, 56 anos depois, ainda é grata àquele gesto do jornalista, que repassou esse DNA de pertencimento e solidariedade para o filho Cacau, querido colega do Diário Catarinense.

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A seção O Passado Valeu a Pena, lançada em 13 de janeiro deste ano, tem sido uma síntese do envolvimento do DC com a comunidade catarinense. Produzida pelos próprios personagens, a seção nasceu para aprofundar os laços do jornal com os leitores. Quando isso ocorre, um jornal tem chance de dar certo. Costumeiramente a seção ocupa um espaço de duas colunas ao lado do Há 20 Anos no DC. Mas neste domingo optamos por dar um tratamento especial à história igualmente especial de nossos leitores.

Essa simbiose entre leitores e jornal cria um senso de pertencimento. E só assim um jornal se torna perene. Boa leitura.