Valeu a pena: aos meus gêmeos, com carinho

Maria Salete Rachadel

Funcionária pública estadual aposentada, moradora de São José

Eu e meus irmãos Pedro e Paulo somos trigêmeos. Pedro nasceu primeiro. Depois veio Paulo e por, fim, eu cheguei ao mundo. Nascemos no rigoroso frio inverno de julho de 1957, na Praia de Fora, município de Palhoça. É por isso que as imagens de quando éramos bebês nós costumamos aparecer sempre muito bem agasalhados. Minha mãe, Eulália, e meu pai José, hoje falecidos, já tinham sete filhos quando ela engravidou de nós. Nossa família era muito humilde e por isso meus pais tiveram de contar com a ajuda de familiares, amigos, vizinhos e autoridades para poderem cuidar dos três rebentos.

Dá para dizer que nosso nascimento entrou para a história da cidade quando o jornalista Manoel de Menezes – pai do colunista Cacau Menezes – foi até nossa casa e fez uma reportagem falando sobre nós, sobre nossa história. O jornalista acabou fazendo um apelo para que recebêssemos mais apoio – guardo com carinho este exemplar do jornal até hoje. Fomos manchete do jornal, pois na época o nascimento de trigêmeos era considerado um caso bem raro.

Depois daquela publicação, passamos a ser reconhecidos pela cidade. Todos os moradores de Palhoça que nos viam queriam nos pegar no colo. Minha mãe sentia o maior orgulho daqueles três bebezinhos que nasceram com peso médio de 2,5 quilos. Nossas roupas eram sempre iguais e estudamos sempre juntos até completarmos o 2º Grau.

Também contaminada pela onda de solidariedade, dona Hermelinda Bianchini, então diretora do Colégio São José, prometeu à minha mãe que deixaria os trigêmeos estudarem de graça até a formatura. Que grande presente, podemos dizer hoje, com gratidão. Minha mãe ficou eternamente agradecida e orgulhosa.

Afinal, educação é a principal herança que os pais podem deixar para os filhos. No colégio também éramos considerados famosos: sempre que havia uma festividade na escola a diretora nos apresentava aos visitantes. Éramos peças raras.

São tantas histórias boas que vivemos…

Hoje somos casados. Temos nossos filhos e netos. Trabalhei como funcionária pública estadual e me aposentei por tempo de serviço. Tive dois filhos – Ivana, que é a mais velha – e na segunda gestação cheguei a ser mãe de gêmeos. Eram dois meninos -mas infelizmente somente um deles sobreviveu. Hoje, meu filho Mateus já está com 28 anos. Tenho um neto, Gustavo, com cinco anos de idade.

Pedro é casado e tem três filhos – Piero, Igor e Bruna – e a neta Érica. Paulo tem três filhos – Rafael, Paula e Patrícia -, o neto Enzo e está no aguardo da chegada de mais dois bebês – as duas filhas dele estão grávidas. Cada vez que uma mulher da nossa família engravida, criamos muitas expectativas de que venham trigêmeos novamente. Quem sabe?

Neste sábado, dia 20 de julho, completamos 56 anos de vida, mas podemos dizer que comemorações se iniciaram há uma semana. No sábado passado, dia 6, fomos a um jantar beneficente promovido por empresários da cidade de Palhoça com intuito de arrecadar fundos para as comemorações do Dia das Crianças, em outubro. Meu marido fez, nesse dia, uma homenagem surpresa na frente de todos. Recebemos presentes e ficamos emocionados e felizes com o carinho.

Este texto enviado ao Diário Catarinense foi a forma que encontrei para agradecer e homenagear Pedro e Paulo, ambos sempre ao meu lado e que, além de irmãos, são meus amigos e cúmplices. Muito obrigada por tudo.

E feliz aniversário para nós.

Para participar

O espaço O passado valeu a pena é publicado todos os domingos, com a colaboração de leitores. Para participar, basta enviar uma foto antiga que marcou a sua vida e contar em até 20 linhas sobre as lembranças que aquela imagem lhe traz. O telefone para contato é (48) 3216-3943 e o e-mail é diariodoleitor@diario.com.br. As colaborações podem ser enviadas também por carta, para o endereço SC-401, nº 4.190, torre A, Bairro Saco Grande, Florianópolis. O CEP é o 88032-005. A participação é gratuita.