A coluna contou uma a uma: a Rua XV de Novembro, coração do comércio de Blumenau, tinha 26 imóveis fechados na tarde desta segunda-feira. Na esmagadora maioria deles havia uma placa de “aluga-se” colada nas vitrines. O levantamento incluiu apenas os pontos comerciais com acesso térreo pela via. Não considerou, por exemplo, salas em prédios, ruas transversais ou que têm entrada pela Avenida Beira-Rio. Se isso fosse levado em conta o número seria muito maior.
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Em junho de 2015 o Santa publicou reportagem destacando que, naquela época, a Rua XV estava com 23 imóveis fechados. Como o cenário praticamente não mudou, a conclusão é óbvia: a crise ainda está fazendo os empreendedores colocarem o pé no freio e as imobiliárias da cidade estão levando mais tempo do que o habitual para preencher esses espaços. Uma delas, consultada pela coluna, revelou que tem uma sala disponível na via há nove meses. Num cenário “normal”, não ficaria vaga por tanto tempo.
A desaceleração da economia, com a consequente queda no consumo, e a competição com shoppings centers ajudam a explicar por que a principal rua comercial de Blumenau parece ser menos atrativa hoje em dia – embora esses sejam fatores há tempos conhecidos. Outro fenômeno: lojas de bairro, cada vez mais robustas, estão absorvendo a população que antes tinha que ir à região central para ter acesso a determinado tipo de produto ou serviço. Isso não deixa de ser positivo porque mostra a diversificação do comércio pelo interior da cidade.
Existe ainda um terceiro elemento, relacionado a custos. Inquilinos relatam que há imóveis na Rua XV cujo preço do metro quadrado é superior a R$ 150 – em alguns o valor de locação ultrapassa R$ 15 mil. Uma profissional do ramo imobiliário ouvida pela coluna diz que aumentou o volume de clientes que pechincham junto aos proprietários ou pedem ao menos que o reajuste anual do aluguel (feito pelo IGPM) não seja repassado.
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O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Blumenau, Hélio Roncaglio, reconhece a situação difícil e diz que a entidade estuda algumas maneiras de estimular o comércio na via. Uma delas seria proporcionar um desconto no valor do IPTU para os imóveis que estiverem locados. Já há estudos iniciais para a elaboração de um projeto de lei nesse sentido, que deve ser apresentado à prefeitura. Mas em ano de arrecadação em baixa e eleições municipais isso dificilmente irá adiante, tendendo a ficar para 2017.