Os cerca de 1,5 mil metros de extensão da Rua XV de Novembro são percorridos a pé em cerca de 20 ou 30 minutos. Caminhando pelas calçadas, que foram alargadas na revitalização feita no início dos anos 2000, nota-se muitos carros, pouco espaço e falta de atrativos. Aquela que já foi a principal rua do comércio pouco atrai os blumenauenses para passeios e vem perdendo o status de referência para quem pensa em compras.

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Os efeitos da concorrência imposta pelos shoppings se refletem nas vitrines: entre os muitos estabelecimentos que vendem eletrodomésticos, roupas e alguns cafés e lanchonetes há 23 lojas fechadas e, entre elas,16 com placas de aluga-se.

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A falta de ocupação das salas da Rua XV de Novembro é reflexo da movimentação do mercado e de uma readequação diante da crise econômica, afirma a presidente do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis e dos Condomínios Residenciais e Comerciais de Blumenau e região (Secovi), Soraia Vasselai. Segundo ela, a principal rua do Centro tem um dos metros quadrados mais caros de Blumenau, além de ser dividida em três áreas – o que muda o preço de cada sala:

– O Centro Histórico é uma faixa. Da esquina com a Alameda Rio Branco até a Catedral é outra e da Catedral até a prefeitura é a última, sendo que a mais cara é da Alameda até a igreja. Na XV a maioria das salas é alugada, tem poucos proprietários, e nesse momento do mercado as pessoas estão buscando maneiras de sair desse aluguel mesmo que isso signifique sair do Centro, e em função disso a

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XV está vazia.

Comerciante sugere criação de calcadão

A sensação de vazio da Rua XV de Novembro se espalha entre os comerciantes. Hsiao Adriano, proprietário do Restaurante Chinês, que funciona há 42 anos no comecinho da XV, percebe uma queda no movimento, que atribui à crise econômica e ao fato de a via oferecer poucos estacionamentos para quem busca entretenimento. Para ele, está na hora de transformar o espaço:

– Temos muita concorrência, muitos restaurantes em outros lugares com mais conforto, como os shoppings. Nós até temos convênio com um estacionamento, mas só à noite, e isso já dificulta porque a rua tem poucas vagas. E a Rua XV também está muito focada em comércio de eletrodomésticos. Faltam atrativos para as pessoas passarem mais tempo aqui.

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Um pouco mais adiante, depois da quadra entre as ruas Nereu Ramos e Ângelo Dias, que concentra uma série de lojas de eletrodomésticos, uma ao lado da outra, estão as papelarias Catarinense e Blumenau, do comerciante Walmor Zimmermann. Ele também acredita que os shoppings tomaram grande parte das vendas das lojas da XV e pensa que uma mudança radical pode surtir efeito:

– Tudo o que se fizer pelo comércio daqui é viável. Fechar a Rua XV seria espetacular, porque do jeito que está alguma coisa tem que ser feita. Eu acompanhei algumas cidades onde fizeram calçadões e acho que é viável, porque já não tem estacionamento mesmo, para quê deixar só para os carros transitarem?

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