No início da corrida eleitoral deste ano, a aposta de nove em cada 10 analistas políticos era de que as campanhas ficariam mais baratas em função da crise econômica e, principalmente, pela restrição do financiamento empresarial de candidaturas imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A lógica, no entanto, não prevaleceu no caso do prefeito reeleito de Blumenau, Napoleão Bernardes (PSDB).

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:: Leia mais informações de Pedro Machado

Em 2012, na primeira eleição ao cargo, a campanha do tucano gastou R$ 692,7 mil. As despesas contratadas subiram para R$ 901,9 mil neste ano, segundo dados que constam no sistema de divulgação de candidaturas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – o prazo para a prestação de contas terminou na sexta-feira da semana passada. É um crescimento de 30%.

Vale considerar, porém, que Napoleão concorreu em cenários distintos. Em 2012 era franco atirador, não aparecia bem nas pesquisas de intenção de voto e contava com o apoio de apenas um partido (o DEM) na disputa, condição que naturalmente reduziu os custos de campanha. Há quatro anos, o tucano também tinha menos tempo de TV que os principais adversários.

É justamente a produção de programas eleitorais que costuma abocanhar a maior fatia nas despesas. Neste pleito, com uma aliança que congregou 12 siglas, a campanha do PSDB pagou, segundo dados enviados ao TSE, R$ 460 mil para uma única produtora de filmes. Por ter, naquela época, uma coligação enxuta, as despesas com material gráfico (outro item que pesa bastante no orçamento eleitoral) também foram menores.

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Desta vez, na condição de candidato à reeleição, Napoleão tinha estrutura e coligação maiores para sustentar.

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Disputar uma eleição como situação tende a exigir mais dinheiro. Adversário de Napoleão nas duas últimas campanhas a prefeito de Blumenau, Jean Kuhlmann (PSD) era o candidato em 2012 de um governo (João Paulo Kleinübing) que vinha de aprovação popular. Naquele pleito, a campanha do deputado estadual foi a mais cara: R$ 1,14 milhão. Como se sabe, Kuhlmann não foi eleito e acabou fazendo 53,6 mil votos no segundo turno.

Quatro anos depois, o pessedista acumulou despesas contratadas menores do que na primeira vez. Foram R$ 701,9 mil, uma queda de quase 39%. O curioso é que a votação de Kuhlmann aumentou no segundo turno de 2016 – foram 77 mil votos – e a de Napoleão Bernardes caiu – passou de 129,3 mil para 104,5 mil. Como a coluna já havia destacado neste espaço em relação aos vereadores, nem sempre investir mais dinheiro significa conquistar mais votos.