Alvo de um pedido de CPI na Câmara de Vereadores de Blumenau por irregularidades ambientais e por supostamente usar um servidor comissionado como caseiro em um sítio da família, o vice-prefeito Jovino Cardoso (PSD) rebate as denúncias.

Continua depois da publicidade

Três acusações pairam sobre Jovino e motivaram a abertura do pedido de CPI na sessão desta terça-feira da Câmara. Na lista, consta que Alexandre Pereira, servidor público comissionado lotado no gabinete do vice-prefeito na função de gerente de apoio, estaria exercendo atividades de caseiro em um sítio da família de Jovino no bairro Salto Weissbach em horário de expediente de trabalho, o que constituiria improbidade administrativa. Pereira tem um salário bruto (sem contar os descontos) de R$ 3.784,57, segundo o portal da transparência. A prefeitura já abriu um processo administrativo para apurar a denúncia.

:: Leia mais notícias do colunista Pedro Machado

O requerimento aprovado pelos vereadores também cita que o patrimônio de Jovino é incompatível com seus rendimentos e que ele teria cometido irregularidades ambientais. Fiscais da Faema estivaram no sítio e constataram depósito irregular de resíduos de construção civil no rio Itajaí-Açu, supressão indevida de vegetação e ampliação de imóvel em área de preservação sem autorização. Jovino terá que pagar multa de R$ 10 mil e recuperar a área degradada.

A defesa

Continua depois da publicidade

Jovino alega que o despejo de entulhos na margem do rio não foi intencional e não teria sido feito diretamente por ele, sustentando que vai questionar a notificação na Justiça para apurar se tem culpa ou se ela é de trabalhadores do sítio.

Sobre a supressão de vegetação e a suposta construção irregular em área de preservação permanente, o vice-prefeito argumenta que se trata de uma restauração, não construção, de um deque que já estava no local há mais de 20 anos.

Jovino também questiona a legitimidade do material apresentado pelo vereador Jefferson Forest (PT) na denúncia. Alega que o petista usou uma foto de Pereira no sítio quando ele ainda não tinha sido contratado para o gabinete. Ele entrou com um pedido extra-judicial pedindo cópias originais das filmagens feitas pela equipe de Forest.

Para o vice-prefeito, as acusações não têm fundamento. Ele diz estar sendo vítima de perseguição política em função da proximidade das eleições:

Continua depois da publicidade

– Eu não sei o que acontece em todo processo de eleição. Se olhar nas últimas cinco eleições que eu participo, em todas elas recebi acusações infundadas e perseguições eleitorais – questiona.

De acordo com Jovino, não havia motivo para a abertura da CPI porque teria partido dele próprio o pedido para esclarecer as denúncias.

– Não vejo nenhuma veracidade nos fatos que o vereador (Forest) menciona – acrescenta.

Jovino garante que vai colaborar com as investigações para que o processo “seja apurado dentro da legalidade e na maior brevidade possível para esclarecer os fatos”.

Nos bastidores da Câmara, comenta-se que a abertura da CPI era inevitável em função da força das denúncias e também pelo fato de Jovino não gozar de muita simpatia dos parlamentares.

Continua depois da publicidade

A decisão certamente terá impacto nas eleições de outubro. Como Jovino já é um “vice decorativo” e há muito tempo está descolado do Executivo, é difícil acreditar que o caso respingue no prefeito Napoleão Bernardes (PSDB). A conferir o tamanho do estrago nas pretensões do vice-prefeito, que tem em mente uma candidatura ao Legislativo.