Desde a fundação da Penitenciária Industrial de Joinville, há oito anos, apenas cinco dos 1,3 mil detentos que receberam progressão de regime – passaram do fechado para o semiaberto – recusaram alguma das sete saídas temporárias anuais autorizadas. A regalia é concedida somente aos presos que cumprem pena no regime semiaberto e foram condenados pela Justiça.
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O levantamento da unidade mostra ainda que o pedido feito pelo preso Pedro Paulo Cunha, de 64 anos, para retornar à prisão em vez de fazer uso do benefício – onde cumpre pena por estupro – não é comum. Pedro pediu a antecipação do retorno à penitenciária após ficar dois dias na rua. A solicitação foi feita por meio de uma carta enviada ao juiz da Vara de Execuções Penais de Joinville, João Marcos Buch.
Pedro disse à reportagem de “AN”, segunda-feira, que tem família e que ficou nesses dois dias de liberdade na casa de uma das irmãs. Mas, como tem o hábito de fumar e dificuldades para dormir, preferiu não incomodá-la.
Conforme a diretoria da unidade, Pedro já saiu outras vezes sem se queixar e, como ele próprio admite, não tem muitos laços familiares por opção. O preso afirma que quando terminar de cumprir a pena, pretende se aposentar e alugar uma quitinete.
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– Sou uma pessoa que não gosta de morar com ninguém, tenho poucos amigos e pouca conversa, entendeu? – diz o preso.
Após saber da repercussão do caso, também mostrada no programa Estúdio SC, da RBS TV, domingo à noite, Pedro avisou que na próxima saída pretende permanecer os sete dias que tem direito em liberdade.
De acordo com diretor da Penitenciária de Joinville, Richard Harrison Chagas dos Santos, dos 646 detentos que cumprem pena atualmente no local, 20 não recebem visitas por questões de distância, por opção da família ou do próprio preso.
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Segundo ele, o trabalho de formação desenvolvido com os presos dentro da unidade – da educação básica até o ensino médio e profissionalizante por meio de cursos, além da questão social e psicológica – contribui para diminuir o índice de reincidência, que hoje é de 20% entre os detentos da unidade. Mas o diretor ressalta que o acompanhamento familiar é muito importante.