A gestante Cátia Vargas Gonçalves, 35, desembolsa por mês R$ 120 para recarregar o cartão do transporte coletivo que utiliza em Florianópolis. Ela, que mora em Ingleses e desloca-se diariamente até Jurerê, recebe o benefício para trabalhar, mas acaba utilizando os ônibus para outras atividades, já que não tem carro.

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Publicado decreto que aumenta valor do transporte coletivo em Florianópolis

Desde o último domingo, 3, a vendedora está gastando mais com a rotina: a bilhetagem eletrônica foi de R$ 2,98 para R$ 3,34 – representando um aumento de aproximadamente 12%. Nessa segunda-feira, 4, o movimento era intenso na maioria dos terminais da cidade, onde havia filas para recarga de cartões e compra de bilhetes avulsos.

Voltar para casa sem carro: tarefa difícil na noite de Florianópolis

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– Subiu demais. A gente não ganha para isso, né? Eles reajustaram em uma época estratégica antes das aulas, para que ninguém reclamasse – arrisca. Ela está aproveitando o valor que já tem recarregado no cartão e, até que acabe, ainda será descontada a passagem com o valor antigo da tarifa.

Para o pagamento em dinheiro, modalidade adotada pelo turista de Toledo (PR) Ilson César Toleto, 33, a tarifa de ônibus passou de R$ 3,10 para R$ 3,50. Onde vive, no interior do Paraná, a passagem custa R$ 2,50.

– Vi que era caro logo que cheguei aqui, antes do Natal. É um absurdo. Mas pelo menos me parece organizado, ágil e tem funcionado para mim, que tô hospedado no Rio Vermelho – opina.

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Até mesmo quem utiliza a tarifa social vai sentir a diferença do reajuste: R$ 2,25 para o pagamento em dinheiro e R$ 1,96 para quem usa o cartão. A moradora do Córrego Grande, Andréia Nunes de Souza, 44, vai ter que contar as moedas, visto que está desempregada.

– Há uns anos, eu usava o ônibus para passear. Hoje é só por necessidade mesmo, quando preciso dar minhas voltas. Aí venho para o Centro e aproveito para fazer tudo de uma vez e economizar – conta.

O secretário de Mobilidade Urbana de Florianópolis, Vinícius Cofferri, explica a composição do aumento:

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– Foi levado em consideração na fórmula a variação da mão-de-obra (em média 11%), a variação do IGPDI (Índice Geral de Preços – Distribuição Interna, de em média 11%), e o diesel (superior a 15%). Nós fizemos ajustes tarifários também dentro da planilha, porque você vê que a classe menos favorecida, que usa tarifa social, teve reajuste menor, de 5,37%. No geral, houve esse aumento de 11,94%.

Aumento pressupõe investimento

Assim como o reajuste, a contrapartida em investimento também está prevista em contrato assinado entre Consórcio Fênix e a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana. O titular da pasta garante que a Prefeitura de Florianópolis está retornando o aumento em melhorias aos usuários do transporte coletivo da capital catarinense.

– Para maio fica pronto o SAO [Serviço de Apoio à Operação], que deve sanar a maior deficiência do nosso sistema: informação ao usuário. Esse serviço traz informação em tempo real de onde está o ônibus e quanto tempo vai demorar para esse ônibus chegar até o ponto, por exemplo. São Paulo e Rio de Janeiro já têm sistemas similares. A renovação da frota também será constante, mas os cálculos ainda não foram finalizados – argumenta Cofferri.

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A secretaria também garante ter colocado em circulação 100 novos ônibus no último ano – todos climatizados.

Movimento Passe Livre se reúne

O Movimento Passe Livre tem reunião aberta à população marcada para esta terça-feira, dia 5, às 18h30min, no “varandão” do Centro de Comunicação e Expressão (CCE) da Universidade Federal de Santa Catarina. O evento organizado pelas redes sociais já conta com mais de 100 pessoas confirmadas.

O coletivo convoca a Frente de Luta pelo Transporte para barrar o aumento. Em nota, o movimento diz que o aumento está acima da inflação – acumulada pelo Índice de Preços ao Consumidor – Semanal em 10,53% em 2015 devido, principalmente, às altas da gasolina e energia elétrica – e justificado para financiar a campanha do atual prefeito de Florianópolis, Cesar Souza Jr. “O transporte coletivo, que não é público, mesmo sendo um direito, em nossa cidade é tratado como moeda de troca em alianças para manter os mesmos grupos no poder da cidade”, argumentam os representantes.

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A Administração Pública não teme a mobilização por entender que o aumento na virada do ano além de contratual, já é uma questão superada, conforme avalia o secretário Vinícius Cofferri.

– A questão já foi avaliada por Ministério Público e Tribunal de Contas. O que nós fizemos está previsto no contrato e é uma obrigação nós, como gestores, mantermos o sistema equilibrado.

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