Nas primeiras horas do segundo dia da greve dos trabalhadores do transporte coletivo na Grande Florianópolis não havia muita movimentação nos pontos de ônibus da Capital. Quem procurava o local era para pedir uma carona ou ficar na expectativa da espera de uma das vans oferecidas com alternativa para chegar ao trabalho e nas aulas.
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Uma dessas pessoas foi a cozinheira Vera Ragucci, 60 anos. A moradora do Sul da Ilha de SC estava no ponto de ônibus da SC-405 desde às 6h na esperança de conseguir uma carona para ir ao trabalho.
Um vizinho de Vera ofereceu uma carona de moto até próximo do Centro. De lá ela precisará fazer mais um trajeto para chegar ao trabalho e conseguir entrar no horário. A cozinheira começa as 7h no restaurante.
Outro passageiro que estava na espera do sistema de transporte alternativo era o almoxarife Vanderlei Branco, 45 anos. Branco, que também mora no Sul da Ilha, deveria estar às 7h em uma empresa no bairro Itacorubi.
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– Carona o pessoal não dá. Todo mundo passa sozinho nos carros – disse.
Na segunda-feira Branco conseguiu uma carona para ir ao trabalho e na volta pra casa foi de van. Para o almoxarife a greve é um absurdo.
– Entra prefeito e sai prefeito e não muda nada – completou.
Cerca de minutos depois de conversar com a reportagem do DC, um casal passou por Branco e ofereceu carona.
Enquanto a greve durar, a cidade conta com um transporte alternativo feito por cerca de 200 vans e micro-ônibus. Ocorre que o serviço está bem abaixo da demanda e não consegue transportar nem 10% dos ônibus.
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Frota mínima não será cumprida por sindicato de motoristas e cobradores
Em greve desde a segunda-feira, dia 10, o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Urbano, Rodoviário, Turismo, Fretamento e Escolar de Passageiros da Região Metropolitana de Florianópolis (Sintraturb) resolveu desafiar e Justiça e decidiu por unanimidade em assembleia não respeitar a decisão judicial do Tribunal Regional do Trabalho que estabelece frota mínima.
O procurador do Ministério Público do Trabalho (MPT). Alexandre Freitas, promete reagir com rigor. Ele afirmou que em caso de descumprimento vai aplicar a multa de R$ 100 mil por dia se 100% da frota não estiver em funcionamento nos horários de pico (das 5h30min às 8 e das 17h30min às 20h) e metade entre as 11h30min e 14h.
Para garantir o pagamento o procurador deverá pedir a penhora de bens das empresas e ônibus, do Sintraturb e do Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Passageiros de Florianópolis (Setuf). A declaração foi dada após audiência de conciliação que terminou sem sucesso.
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O desembargador Gilmar Cavalieri declarou que não pode antecipar uma decisão, mas disse que a tendência é aceitar um pedido desta natureza por parte do MPT. Ele afirmou que se o dispositivo fosse usado nas greves anteriores talvez os sindicatos não teriam deixado de quitar multas que somadas com as de segunda passam de R$ 1 milhão.
O sindicato dos trabalhadores tentou justificar o descumprimento da decisão com o argumento de que seria difícil organizar a escala de funcionários. Acrescentou que os motoristas e cobradores precisariam passar o dia nos terminais. Sobre a multa, informou que depois vai recolher entre os filiados o dinheiro para o pagamento.