José Hoepers, de 64 anos, planejou um programa diferente para o final de semana. No começo da tarde, chamou o neto Gustavo, de 8 anos, para visitar um lugar que era conhecido pelas belezas naturais e pelo acervo histórico: o Parque Ecológico Caieira, no bairro Adhemar Garcia, na zona Sul de Joinville.
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O problema é que, para os dois e para tantos outros joinvilenses, a surpresa que o local reserva não é das melhores. Faixas vermelhas e placas de interdição chamam mais a atenção do que a paisagem do lugar. Escadarias de madeira destruídas, vidraças quebradas, vandalismo e descaso acabam sendo a impressão mais forte que o visitante recebe.
-Isso aqui era lindo. Uma riqueza em fauna e flora sem igual. Foi pensando nisso que trouxe meu neto aqui, mas nada podia nos preparar para o que vimos. Com razão, o pequeno não entendeu os motivos de um lugar tão bonito estar entregue ao mais completo descaso-, desabafa Hoepers, que costuma visitar o parque com bastante frequência nos primeiros anos de funcionamento.
O parque estava fechado desde junho de 2013, mas foi reaberto à comunidade em março deste ano depois de uma reforma na entrada e nos banheiros, com um investimento de R$ 284 mil em com recursos do financiamento do Fonplata.
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A área agora sempre fica disponível para visitação durante o dia, mas como apenas dois guardas cuidam do espaço, algumas ações de vândalos acabam acontecendo nas áreas mais isoladas.
-Poucos dias depois da reinauguração, eu e meu marido visitamos o espaço no fim do dia, e vimos de longe alguns adolescentes arrancando alumínios, destruindo os banheiros e quebrando vidraças. No susto, preferimos ir embora e informar o segurança na saída. Infelizmente, era tarde demais, e quando voltamos lá na semana seguinte, estava tudo destruído-, conta Ana Cláudia Barbosa.
Ela usa o espaço para caminhadas aos fins de semana e diz que, quem pretende visitar o parque pelo lazer, deve ficar só na primeira parte, onde funciona uma academia da melhor idade e um parque infantil.
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Alguns espaços, que já estavam interditados desde a reinauguração por conta da ação de vândalos, agora foram ainda mais depredados, e alguns pedaços do mirante, que já foi uma das grandes atrações do parque, foram arrancados.
A Fundema, responsável pela administração do parque, até tentou evitar o acesso à estas áreas com placas e avisos, mas não adiantou. O deck de madeira para visitação das oficinas líticas, junto à lagoa do Saguaçu, no interior do parque, também faz parte da área no interior do parque, e parece ser o único ponto que permanece intacto.
Estão interditados mirante, os fornos, a casa do pescador e a lanchonete e sanitários, que sofreram a ação de vândalos. Os fornos serão restaurados em parceria com a Tupy e os demais equipamentos a Prefeitura irá arrumar com recursos próprios. Apenas o mirante a Prefeitura ainda não pode interferir, já que uma ordem judicial impede sua derrubada e a construção de um novo.
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Um dos seguranças que fazem a vistoria do parque, que preferiu não se identificar, contou que algumas pessoas entram no parque durante a noite, pelo mato, e dormem nos locais abandonados, e que é comum encontrar restos de comida e roupas jogadas na manhã seguinte.
-É uma pena, falta conscientização das pessoas para reconhecer que esse é um espaço de todos, e que justamente por isso, todos perdem quando algo assim acontece.