Mais fácil de falar do que de fazer, a inovação continua a intrigar lideranças e tem lugar certo em grandes eventos empresariais. Na Expogestão 2016, o tema será debatido no dia 5 de maio, às 15h10, por três convidados: Malte Horeyseck, fundador da empresa de e-commerce Dafiti; Peter Fernandez, CEO da 99Taxis, e Romeo Deon Busarello, diretor de Marketing e Ambientes Digitais da Tecnisa.

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O maior evento de gestão de Santa Catarina será realizado de 4 a 6 de maio, no Complexo Expoville, em Joinville.

Busarello, que também é professor do Insper e da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), conversou com Negócios & Cia a respeito de uma das faces mais difíceis do processo que será debatido no evento, a inovação disruptiva. Confira alguns trechos da entrevista:

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:: É o maior grau de incertezas das últimas décadas, diz palestrante da Expogestão

Negócios & Cia – No universo empresarial, onde a inovação disruptiva tem mais oportunidade de ocorrer?

Romeo Busarello – Nas startups a inovação disruptiva ocorre mais. Em empresas estabelecidas não acontecem, salvo algumas exceções, como a da Whirlpool, que lançou um novo modelo de negócio com a máquina de bebidas B-Blend, por exemplo. Isto porque empresas estabelecidas se preocupam com a receita do hoje, e não de amanhã, elas até fazem a inovação incremental, mas é mais difícil.

N&C – Como criar um ambiente de inovação nas empresas?

Busarello – Pode-se buscar parcerias com startups ou universidades, criar um portal de inovação, criar times de inovação, mas a opção mais desejada do mercado tem sido a aproximação com startups porque elas fazem acontecer. Estar perto delas ajuda a dar um refresch na companhia.

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N&C – De que forma estas parcerias funcionam?

Busarello – Existem várias formas. No caso da Tecnisa, desde 2011, fazemos o acolhimento de startups. A cada 21 dias, reunimos em torno de 15 empresas que tenham algo inovador, e elas têm 10 minutos para tentar nos convencer. Já fechamos mais de 50 negócios. Não subsidiamos o negócio delas, damos a oportunidade de faturarem conosco. Tem empresa que analisa profundamente e faz um aporte para o desenvolvimento da tecnologia, e a startup fica com pequena parcela na venda do produto, esse é outro tipo de aproximação. Outras empresas compram startups quando percebem que têm futuro, o Google e Facebook fazem muito isso. Cada empresa tem seu modelo, características e crenças. Para as startups, esses programas são importantes, pois elas têm muita dificuldade de ter contato com quem decide, com o diretor.

N&C – Por que tanto interesse pelas startups?

Busarello – Elas têm microconhecimentos, competências em especialidades que as grandes não conhecem justamente porque são grandes, engessadas. Em nossa empresa, contratamos startup de monitoramento de obras com drones. Tenho o aplicativo em Iphone, então também vou atrás de agência de mobilemarketing. Para nós, as startups funcionam como um MBA, recebo empresas que atuam em áreas muito específicas, como impressão 3D, geoprocessamento, assim vamos nos atualizando sobre o que está acontecendo. Percebo que está emergindo muito processo combinado com tecnologia.

N&C – Quais são os principais desafios nessa área?

Busarello – O principal desafio é colocar tudo isso para rodar, é muita coisa, dá trabalho, precisa de gente, discussão… a questão é se vamos ter foco em inovação ou inovação com foco. Em nosso caso, estamos em um nível de maturidade que nos permite ter inovação com foco, a capacidade de dizer não. Temos uma máxima segundo a qual a palavra “prioridade” não tem plural. Podemos fazer isso porque trabalhamos com inovação há muitos anos, mas a maioria ainda é foco em inovação, e aí o desafio é executar. A área de inovação é custo, não gira o ponteiro de vendas no curto prazo. Em inovação, todo custo é certeza e lucro é esperança. Existe muito discurso. O problema são os líderes dos líderes. A gerência média quer inovar, mas a alta liderança não tem isso na agenda. É legal para discutir, mas no dia a dia é trabalhoso, o não é muito rápido e o sim é muito lento. Quando vai promover inovação se diz que é caro, não tem verba, estrutura.. o sim é lento, ele encontra muitas barreiras.

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N&C – O que motiva as empresas a inovar?

Busarello – As empresas inovam por medo, por ambição ou por preguiça. Por ambição, aquelas que querem se destacar; por medo, quem não quer ficar para trás e perder o bonde da história; e preguiça, quem busca fazer mais com menos. A roda foi uma grande inovação, é a lei do menor esforço, assim como check in pelo smartphone.

N&C – E o futuro

Busarello – Não conseguimos enxergar o horizonte de cinco anos. Sabemos da realidade virtual e da internet das coisas. O mobile já é fato, não é mais uma tendência. E ficará de fora quem não estiver com as tecnologias na ponta da lingua.