O clima na Câmara de Vereadores de Itajaí nesta quinta-feira era de “perplexidade” segundo o presidente da casa, Luiz Carlos Pisseti. O espanto se deu em função do vazamento do inquérito da operação Parada Obrigatória 2, que indiciou o vereador licenciado Zé Ferreira (PP) pelo crime de advocacia administrativa (tráfico de influência).
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Segundo o Gaeco, o parlamentar se valia da influência que obteve por ter ocupado o cargo de coordenador da Codetran para prestar favores a amigos e conhecidos que eram multados ou tinham o carro apreendido no pátio do município e, até mesmo, cobrava propina para ajudar na liberação de alvarás pela prefeitura.
Quando atendeu à ligação de O Sol Diário nesta quinta-feira à tarde, Pisseti estava reunido em seu gabinete com os secretários e o procurador da Câmara. No encontro eles discutiam o que fazer diante das informações que vieram à tona.
_ A princípio tanto eu quanto os meus secretários estamos todos perplexos. Aqui na Câmara todo mundo ficou pasmo com a notícia e se recolheu, publicamente ninguém está se pronunciando _ observa.
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Conforme Pisseti, apesar dos indícios apresentados pelo Gaeco, ainda é cedo para se posicionar. O presidente do Legislativo salienta que “ninguém pode ser condenado sem antes sofrer o devido processo legal e sem ter oportunidade a ampla defesa”. Ele pretende aguardar o fim do processo, ter acesso a denúncia do Ministério Público e as defesas e, posteriormente, a decisão da Justiça para tomar alguma medida:
– No que me couber não vou abrir mão da minha prerrogativa, vou agir de acordo com a lei e com o regimento interno, mas tenho que aguardar a manifestação dos órgãos de Justiça – afirma.
Abertura de processo de cassação na comissão de Legislação e Ética está descartada por enquanto:
– Não, até porque os delitos imputados a ele (Zé Ferreira) não são veiculados nem ao mandato de vereador nem ao exercício da função pública, embora algumas das acusações só possam existir para quem tem mandato ou função pública – avalia.
No entanto, o presidente do Legislativo não descarta a abertura de uma CPI para investigar o suposto esquema de pagamento de propinas envolvendo a Codetran e o pátio de veículos apreendidos.
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– A Codetran é um organismo do Executivo e nós temos por obrigação fiscalizar. Acredito que em determinado momento nós teremos que enfrentar esse debate, se vai haver a CPI, qual vai ser o limite dessa CPI, se vamos aguardar a Justiça, se não vamos aguardar – disse. Mas lembrou que dos 21 vereadores, 17 compõem a base do governo.
CONTRAPONTO
Zé Ferreira
A reportagem procurou os advogados Marlon Bertol e Luiz Antônio Alvez, que representam o vereador licenciado, mas eles não atenderam aos telefonemas. No depoimento ao Gaeco, Zé Ferreira diz que sempre orientou quem o procurava para pedir liberação de carros apreendidos ou anulação de multas a ir na Codetran ou na Delegacia da Polícia Civil para entrar com recursos administrativos.