Vantagens de empresários em dinheiro que totalizam R$ 11,7 mil, um jogo de panelas, um fogão, pagamento de um jantar e de diárias de um hotel em Lages e a locação de um contêiner para a reforma da casa da praia são as principais suspeitas que recaem contra o coronel da Polícia Militar de Santa Catarina, Édson Rui da Silva Castilho, que presidia a Comissão Estadual de Leilões.

Continua depois da publicidade

Exonerado há 22 dias do cargo pelo secretário da Segurança Pública César Grubba, o coronel foi indiciado por corrupção passiva (dez vezes), por solicitar e receber vantagens indevidas em razão da função que ocupava.

Presidente da Comissão de Leilões de junho de 2013 a julho de 2015, Castilho foi um dos alvos da Operação Parada Obrigatória II, do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) de Itajaí, e integra a lista de sete pessoas, entre servidores públicos, empresários e particulares, indiciados por crimes como peculato, concussão, advocacia administrativa e receptação.

O coronel aparece em interceptações telefônicas por supostamente ter recebido vantagens de empresários donos de empresas concessionárias do serviço de remoção e guarda de veículos apreendidos.

Um dos empresários ouvidos pelo Gaeco e que fez delação premiada é Julio Cesar Fernandes, de Brusque. Fernandes chegou a ser preso pela operação e ganhou a liberdade. Ele tem empresa de remoção e armazenamento de veículos em Brusque, Lages e Itajaí.

Continua depois da publicidade

Fernandes afirmou ao Gaeco que pagou estadias de hotel aos membros da Comissão de Leilões em Lages e que deu R$ 2 mil ao coronel para que o oficial custeasse um jantar aos integrantes da Comissão de Leilões – o jantar ocorreu na caserna da Polícia Militar dentro do parque Conta Dinheiro, onde acontecia a festa do Pinhão.

O empresário Fernandes relatou ao Gaeco que também alugou um contêiner para a reforma da casa de praia de Castilho, em Governador Celso Ramos. Há outros repasses de dinheiro citados no inquérito, cujas quantias variam de R$ 800 a R$ 3 mil. O fogão e o jogo de panelas supostamente dados ao coronel seriam para a sede da Comissão de Leilões, em Florianópolis.

O inquérito traz ainda fotografias de Castilho no dia 15 de julho, um dia após a Operação Parada Obrigatória II, em que ele aparece saindo com caixas da sede da Comissão de Leilões, no bairro Estreito.

Mensalidade a integrantes da Comissão

O Gaeco diz ainda que houve um pedido de Castilho a empresários para o pagamento de uma complementação de salários aos terceirizados da Comissão de Leilões. O valor seria de R$ 800 mensais a cada funcionário.

Continua depois da publicidade

De acordo com o depoimento do empresário Júlio Fernandes, haveria um pagamento de mensalidade pelos maiores pátios de Santa Catarina a estagiários da Comissão de Leilões.

“Apoio” e inocente

Em depoimento, o coronel Castilho, que também é presidente da Associação Barriga Verde dos Oficiais (ABVO), negou os crimes. Relata que pediu um “apoio” ao empresário Julio Fernandes para que efetuasse o pagamento das diárias dele e dos integrantes da Comissão de Leilões na viagem a Lages.

O DC não conseguiu localizá-lo nesta quarta-feira. O advogado dele, Nilton Macedo, reiterou que o seu cliente nega as suspeitas, que ainda não teve acesso integral aos autos e que as ações do oficial sempre foram para o interesse do serviço público.

– Não tem nada com vantagens pessoais. É um oficial que sempre cumpriu os seus deveres e vai se defender – disse Macedo.

Continua depois da publicidade

Na PM, a informação é que foi aberta uma sindicância e que o coronel está de licença.

Novo presidente

A Secretaria de Segurança Pública informou que a Comissão de Leilões tem novo presidente: o coronel da reserva Marcos Vinicius Bedretchuk. O ato de nomeação saiu em portaria assinada pelo secretário César Grubba e foi publicada no Diário Oficial.

* Colaborou Dagmara Spautz

Leia também

TJ nega segundo pedido de liberdade a vereador de Itajaí preso durante operação do Gaeco

“Não tenho o que apurar se não tenho informação”, afirma prefeito Jandir Bellini

Prisão de vereador de Itajaí é tratada com cautela