No dia seguinte à prisão preventiva do vereador José Alvercino Ferreira, Zé da Codetran (PP), a Câmara de Vereadores de Itajaí e o partido do parlamentar adotaram cautela ao falar do caso. Como o Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) ainda não concluiu as investigações e tampouco detalhou quais acusações e provas pesam contra ele, Legislativo e PP afirmam aguardar novas informações para se manifestar oficialmente.

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– A Câmara vai assumir todos os procedimentos necessários assim que souber até onde vai a culpa dele nesta situação. A única coisa que sabemos é que ele está encarcerado, que é o único vereador envolvido e que há alguma prova contra para manterem ele ali (Presídio da Canhanduba) – afirma Anna Carolina Cristofolini Martins (PRB), temporariamente no lugar do presidente da Casa, Luiz Carlos Pissetti (DEM).

Conforme Anna, a única certeza “é que não foi como vereador que ele feriu a ética”, já que o alvo da operação do Ministério Público é o setor de trânsito _ Zé coordenou a Codetran até 2013:

– Falei com o prefeito (Jandir Bellini) e, como presidente do PP, a única informação que ele tinha era sobre os documentos que foram levados do setor de licitações da prefeitura.

Houve cumprimento de mandado de busca e apreensão também no gabinete do vereador na Câmara. O prefeito Bellini, presidente do partido de Zé, informou ontem que tudo o que sabe sobre o caso é o que está sendo publicado pela imprensa:

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– Sei que é um companheiro nosso sendo exposto a tudo isso. Ele permanece no partido até porque, até agora, não temos nada de concreto.

Vereador preside Comissão de Ética

A Comissão de Ética da Câmara de Itajaí aguarda recebimento de denúncia da mesa diretora ou da comunidade para decidir se instaura um processo em relação ao vereador. O presidente da comissão, porém, é o próprio Zé. Com o afastamento temporário dele será escolhido um novo membro e haverá eleição interna para definir um novo presidente.

Político passou mal no Presídio da Canhanduba

Detido em uma cela de triagem para onde são levados os presos nos primeiros 10 dias de reclusão o vereador José Alvercino Ferreira, Zé da Codetran (PP), tem a companhia de apenas mais um interno, também preso pelo Gaeco. O cargo de direção que ocupou na Secretaria de Segurança do município, nas regras da prisão, equivale ao de ex-policiais _ o que lhe rendeu um espaço separado dos demais detentos na Canhanduba.

A chegada à prisão foi difícil. Abalado, o vereador teve uma queda de pressão durante os procedimentos de cadastro no presídio e precisou de atendimento médico. Apesar da cela separada, não há regalia: assim como os demais presos, Zé recebeu terça-feira kits de higiene pessoal, lençóis, colchão, uniforme e roupas íntimas. Tem direito a quatro refeições por dia, que no presídio já chegam prontas, em marmita.

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Para qualquer novo detento as visitas da família só são permitidas depois de 15 dias. Antes disso, somente os advogados têm acesso aos presos.

Especialista não acredita em perda de mandato

Para o professor de Legislação Eleitoral da Univali Fernando Fernandez, mesmo com a prisão na terça-feira, neste momento não há razão para que o vereador José Alvercino Ferreira, Zé da Codetran (PP), perca de mandato.

– Quebra de decoro parlamentar tem relação com decisão política e ainda não houve acesso às acusações, se são concretas ou não – analisa.

Ele explica que o vereador tem direito a se licenciar do Legislativo enquanto estiver preso, como também pode ser afastado pela Câmara e ter o lugar ocupado por um suplente.

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O professor de Direito Eleitoral da Univali Jefferson Custódio Próspero acredita que o desgaste para a imagem política do vereador será grande, especialmente pelo vazamento de uma foto dele com o uniforme do presídio:

– A imagem tem um reflexo moral muito grande. Esse vazamento foi terrível. O julgamento da opinião pública é algo complicadíssimo, porque não se sabe qual é o alcance que vai ter.