Após quase ser morto pela própria mulher em março do ano passado, Nercival Cenedezi, 50, reencontrou Margareth Aparecida Marcondes, 47, no Fórum de Joinville, na tarde desta sexta-feira. Ele e dois colegas de trabalho – que o encontraram desacordado dois dias após a agressão – prestaram depoimento na primeira audiência do caso.
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Apesar de não se recordar de detalhes, Nercival afirmou que a ex-esposa seria a autora do crime que o deixou com sequelas. Um pouco atrapalhado com a fala e com dificuldades em ouvir e enxergar, ele disse que não irá perdoá-la.
– Para mim, não há insanidade. Ela fez por livre e espontânea vontade, por alguma dívida que tinha -, lamentou.
Nercival já retornou ao trabalho, em uma empresa de caminhões de Joinville. Mas considera tudo o que passou um atraso de vida. Após 12 anos de relacionamento estável, sem problemas ou discussões, o gerente de oficina foi surpreendido pela mulher que foi denunciada por quase matá-lo com golpes de rolo de macarrão. Nercival sofreu traumatismo craniano, fratura na face e hemorragia intracraniana.
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A agressão ocorreu na casa do casal, no bairro Santa Catarina, por volta do meio-dia. Em depoimento à polícia, Margareth confessou que teria tentado matar o marido para que ele não descobrisse que ela teria enviado amostras de doces envenenados a uma jovem no Paraná.
– Não lembro muita coisa, fui pego de surpresa -, conta.
Após prestar depoimento, Nercival pediu para conversar com a ex-mulher.
– Ela alegou que não foi ela, mas acho que é mentira -, concluiu Nercival.
Margareth saiu chorando da audiência, algemada e de cabeça baixa, da mesma forma que chegou. Segundo os agentes penitenciários responsáveis pela escolta, ela não expressou qualquer palavra durante o trajeto, apenas chorou.
A doceira passou a noite no Presídio de Joinville e na manhã deste sábado deve retornar à Penitenciária Feminina de Piraquara (PR), onde está presa desde abril do ano passado, quando foi encontrada por policiais militares dormindo dentro do carro, em Barra Velha.
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Depoimentos
Antes de ouvir Margareth, a juíza da 1ª Vara Criminal, Karen Francis Schubert Reimer, pretende tomar o depoimento da filha dela e analisar o exame de sanidade mental feito durante o processo do Paraná – que apura o envenenamento de quatro jovens. Se o laudo não for convincente, a juíza pode solicitar novo exame em SC.
Nesta sexta-feira, a doceira não depôs. Apenas acompanhou o depoimento do ex-marido e de testemunhas. O advogado Gilson Schelbauer solicitou um exame de sanidade.
Processos
Em Joinville, a mulher responde por tentativa de homicídio com agravante de uso de meio cruel, por tornar impossível qualquer reação da vítima e com o fim de assegurar a ocultação de outro crime.
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No Paraná, Margareth responde a processo por tentativa de homicídio contra quatro jovens que comeram doces envenenados. De acordo com a denúncia, a doceira teria enviado uma amostra dos doces na tentativa de adiar a festa de aniversário da adolescente. Ela teria sido contratada e gastado o dinheiro.